Estava sentado na esplanada de um café quando te vi surgir ao longe. A princípio quase não te reconheci, todavia à medida que te aproximavas, as dúvidas foram-se desvanecendo. Mudaras o corte do cabelo, o estilo da roupa, mas não os gestos. Esses eram indestrutíveis e o meu ponto de referência nesse momento. O modo de andar, o balançar suave do corpo, o mexer das mãos, que todos julgavam ensaiado, continuavam os mesmos. Não sabia se deveria abordar-te ou se, pelo contrário, deveria deixar-te partir como acontecera alguns anos atrás. Fosse como fosse, eu não sairia dali para te falar. Terias de cruzar o meu caminho, pois só assim saberia que ambos estávamos inexplicavelmente, inexoravelmente ligados um ao outro.
E se atravessasses a rua e mudasses de passeio, sentiria ainda vontade de pronunciar o teu nome, de o gritar elevando a minha voz, transformando-nos no centro das atenções? E porque não? Na verdade, valia a pena sermos o centro das atenções, por tua causa. A ideia ainda há pouco pouco consistente, ainda que surreal, agradava-me. Imaginei-me então a gritar bem alto o teu nome, erguia-me e fazia-te um gesto com a mão. Os outros homens que desfrutavam também da frescura da esplanada, voltariam o rosto para o fim do meu chamamento. O teu nome gritado não iria além de ti, porque só a ti pertencia e a mais ninguém. Só tu o vestias e transformavas na sua individualidade, distinguindo-te de todas as mulheres com outros e o mesmo nome. Tu, única portadora do teu nome, reconhecendo-o no meu grito, olharias para mim que o fizera nascer e corresponderias ao meu aceno com um sorriso. E continuarias a avançar para encontrar o novo criador. Para me dizeres que nunca antes o ouviras dito assim.
E se atravessasses a rua e mudasses de passeio, sentiria ainda vontade de pronunciar o teu nome, de o gritar elevando a minha voz, transformando-nos no centro das atenções? E porque não? Na verdade, valia a pena sermos o centro das atenções, por tua causa. A ideia ainda há pouco pouco consistente, ainda que surreal, agradava-me. Imaginei-me então a gritar bem alto o teu nome, erguia-me e fazia-te um gesto com a mão. Os outros homens que desfrutavam também da frescura da esplanada, voltariam o rosto para o fim do meu chamamento. O teu nome gritado não iria além de ti, porque só a ti pertencia e a mais ninguém. Só tu o vestias e transformavas na sua individualidade, distinguindo-te de todas as mulheres com outros e o mesmo nome. Tu, única portadora do teu nome, reconhecendo-o no meu grito, olharias para mim que o fizera nascer e corresponderias ao meu aceno com um sorriso. E continuarias a avançar para encontrar o novo criador. Para me dizeres que nunca antes o ouviras dito assim.
Não mudaste de passeio e caminhavas na minha direcção aproximando-te cada vez mais. Quando passaste perto de mim, sem me ver, nada disse. Não fui capaz de te chamar. O teu nome morreu-me na garganta. Afinal não era tão impulsivo como pensava, nem tão decidido. Nem te vi afastar porque estava de costas voltado para o vazio que tu deixaras sem saber.
1 comentário:
Excerto de um romance que escrevi em 1997 e revi em 2000, para um concurso literário. Não ganhei, porém isso não meincomodou!
O narrador é masculino. O que é contraditório, porque sei pouco da psicologia masculina. Apenas o que observo, os amigos homens que tenho e os nem passaram quase pelo meu caminho.
Tenho de o voltar a rever, reescrever passagens, porém vou aguardar. Primeiro terei de solicitar a leitura e opinião de um leitor masculino.
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