segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

CREPÚSCULOS

Há MOMENTOS do dia de que gosto. O CREPÚSCULO: a tran sição do dia para a noite com os seus diversos tons de pintura natural... É um gosto que cultivei na adolescência, altura em que me refugiava numa antiga eira, na aldeia materna. Sentava-me numa fraga a olhar o horizonte até o sol se pôr. Sentia-me pacificada, inspirada e grande porque o sonho não me abandonava nunca. Um dia viajaria e veria outros crepúsculos.
Estes são alguns dos CREPÚSCULOS que quero partilhar convosco. Espero que gostem.


Cabo Espichel

Meco

Ponte Vasco da Gama

Marvão

Lisboa

Lisboa


Marvão
F Nando, do blogue Sebenta do Nando) é o autor destas belíssimas fotografias, que amavelmente me permitiu usá-las neste e noutros posts.
Esta é a minha participação para a Fábrica das Letras de Dezembro.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Il neige


Oui, il neige à Paris! Et comme il neige!!! Un noel blanc s' approche. Ces noels me manquent terriblement, même s' il fait très frois capable de tout glacer.
Je pars en rêve visiter le noel à Paris.
À Bientôt

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

I am the escaped one


Foto de F Nando
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I am the escaped one,
After I was born
They locked me up inside me
But I left.
My soul seeks me,
Through hills and valley,
I hope my soul
Never finds me.


Fernando Pessoa

(That is what I wish too. In so different times I feel the same, though I cannot compare to you 'cause you were a genious and I... I am a wanderer with no hope, no home, no greatness, always looking for the impossible... my true me and hoping not to find it...)


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Regresso à adolescência



Jovem adolescente seguia atentamente a carreira de vários cantores pop. Todavia a minha cantora preferida era, sem dúvida, Madonna. Gostava dos vídeo clips que passavam no Europe Countdown, das roupas que ela vestia , dos lugares onde filmava, das capas dos discos de vinil, dos posters que colecionava. Às vezes cheguei mesmo a imitar-lhe o estilo (risos).

Veneza! Sempre que via este vídeo sonhava com Veneza. Como eu amava ir a Veneza um dia e andar de Gòndola, Nunca pensei que esse sonho se realizasse, mas realizou-se e senti-me muito feliz. Muito.

Continuo a seguir a carreira de Madonna. Os amigos oferecem-me os CD's, que o vinil já era, outros compro-os eu. Já fui também a um concerto ao vivo no Pavilhão Atlântico e confesso que me diverti imenso. Dancei, cantei, pulei e... fiquei rouca.

domingo, 21 de novembro de 2010

Amena conversa...


Que alívio!!! Conversa amena, animada, sorridente. Que bem dispostos que estão! Devem estar a fazer o balanço da Cimeira das Nações Unidas ...

sábado, 20 de novembro de 2010

Aguardo pacientemente



Fotografia de F Nando
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Fecharam-se-me as portas de um reino onde antes tinha livre acesso. Não necessitava de me identificar. Transpunha as portas livremente e tudo era simples e natural e esperado. Hoje essa entrada está-me vedada. Os dias passam, as semanas, os meses e sinto-me paralizada.
Fui expulsa de Fantasia! Bloquearam-se-me todas as minhas capacidades para entrar. Sinto-me inexoravelmente presa e perdida. Há um mundo de rochas espalhadas pela paisagem que me separa desse mundo mágico, fantástico, equilibrado, harmonioso.
Clamo para que tudo não passe de um pesadelo. E espero pacientemente por um sinal. Espero. Esperarei. Nada mais há a fazer.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Gosto...


Gosto de ruínas. Ruínas de outras civilizações muito anteriores à nossa. A paisagem fica outra. É outra. Transformam-na e reavivam outras e possíveis existências. Pensam-se histórias, pessoas, outros séculos num passado já vivido. Outras culturas.

Não gosto quando essas ruínas envergonham o presente por as terem abandonado à incúria. Perdem-se memórias. Perde-se património. Perde-se riqueza. Arruina-se a nossa História. Apresenta-se um triste postal arquitectónico ao olhar atento dos que sentem este abandono e não o aceitam.

Gosto de rochas que se erguem em direcção ao céu como um desafio, elevam-se ao infinito, deixando-se esculpir pelos elementos.
Ameaçadoras, graníticas, irregulares, ponteagudas parecem estátuas, grutas, masmorras, esconderijos. Belas ainda assim.
Não gosto de pedreiras. Não, não gosto. Nas pedreiras encontramos cadáveres de rochas. Máquinas implacáveis, homens que as manobram e as trituram. Assemelham-se a come rochas implacáveis levados pela cor do dinheiro.

Gosto do fim do dia, início da noite. Já não é dia mas ainda não é noite. Os tons do céu são mágicos, de azuis policromos, luminosos, quase em dégradé. Esses laivos de luz, suaves, a traçar a linha do horizonte separam tenuamente o mar do céu. Paisagem por demais bela, encantatória, poética, fantástica.
Singelas plantas, perto do abismo, erguem-se quase trágicas mas sem ameaças. São um apontamento nocturno magnífico.
Que bela paisagem!
Não gosto que estas paisagens, maravilhas das maravilhas naturais, não possam ser desfrutadas por todos. É bom sentir a energia do Universo. É maravilhoso sentirmos a grandeza porquanto saibamos e reconheçamos a nossa transitoriedade.
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Fotografias de F Nando

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A PALAVRA CERTA

F Nando
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A palavra certa é a que se pensa antes de ser escrita, porque o autor, na sua solidão criativa, a tem na sua mente, assim como tem as metáforas, as sinestesias, as imagens e as personagens, o tempo, a organização das sequências narrativas, a trama. Antes de iniciar a escrita de uma nova narrativa, texto dramático, poema, o escritor possui já a Palavra em potência, sedenta de aparecer na página em branco. Tanto faz se for numa página de papel, se for numa página do word, se for numa do blogue, se for num breve comentário na página do facebook.
A palavra certa para o leitor pode ser também a do autor. Umas vezes é, outras não. É-o sempre que o leitor se revê nessas ideias e nesses pensamentos e nessas palavras e no que quer ler quando pega num livro, num jornal, numa revista. Outras sente-se um estranho perante o que lê, não por ignorância, mas por falta de identificação, por despeito pelo autor e pelas suas ideias. Se o leitor sente que não há entrega, justiça, amor, honestidade no que se escreveu não há empatia com a escrita nem com quem escreve.
A procura da palavra certa não pára nunca, busca-se sempre, sabem-se, inventam-se para dizer o impossível, o infinito, o indizível, o sonho, o real.
A palavra certa é a palavra de cada um. Se me perguntassem qual é a minha palavra diria que tenho várias: liberdade, livro, sentir, sensibilidade, amar, aparecer, viajar, visão, escrever... Como alguém escreveu: «escreviver». Matar essa fome da palavra mesmo que não seja a palavra certa, porém será a minha palavra.
Qual é a vossa Palavra?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Natal de Bloguistas

GARANTO-VOS QUE VALE A PENA IR!
É SEMPRE UMA SURPRESA COM MUITAS SURPRESAS!
11 DE DEZEMBRO NA BELA VILA DE SINTRA!!!

Silêncios de palavras

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8 de Julho de 2010

Meu Amor,

Não estamos longe um do outro… nem podemos, pois une-nos um sentir comum que transforma as horas conjuntas em momentos de realidade solar.
Não estamos longe um do outro… Há meramente ausências curtas que são suportáveis. Bem, às vezes é difícil. Invento então um estar diferente. Penso em ti. Releio as mensagens que me envias.
Não estamos longe um do outro… não nos é possível estar. Somos tão Um não obstante sermos dois seres. Somos tão um do outro e com o outro.
Não estamos longe um do outro… Mas, por vezes, a saudade vem de mansinho e instala-se por horas e horas no mais fundo de mim. Há uma dor que tento iludir revendo as nossas fotografias.
Não estamos longe um do outro… nem nunca te senti longe de mim. Não há dúvidas acerca desta minha entrega. Quero-te tanto!
Sonhamos os nossos sonhos juntos… É por todo este Amor que damos as mãos… para passear os nossos sonhos.

Amo-te.

A tua Nathalie

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PARIS JE T' AIME

Photo de Carlos AUGUSTO

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Après le retour à Lisbonne
je t' ai demmander
Te sens-tu réalisér avec ton oeuvre?

***
Tu n'as pas répondu
Tu ne m' a pas regarder en regardant toujours la "Mer de Paille"
mais sans le voir
sans essayér le reconnaitre

***
Tout étais toujours et encore à Paris

***
La ville était en toi
elle était toutes les lumières
qui te fesait rêver e fuir
de la réalité prévisible d' un présent obtus

***
Tu continuais à te ballader
à parcourir les boulevards
d' òu tu admirais les bateaux mouches
qui croisaient la Seine

***
Tu buvais tranquilement des kir au champanhe
au térrasses des Champs Elysées
à la fin du jour
revisans calmément tes papiers
***
Certain jours tu allais chez Fnac

et tu te promenais aussi sous la Grande Arche de la Défense
òu tu te laissais aller pendant des heures infinies
entre romans, piéces de théatre, poésie
que tu lisais sur un banc òu que tu achetais

***
Pendant ta présence à Paris

T'a commencer a écrire aussi un roman

Tu l'a même fini

mais maintenant il est d´un silence triste et perdu

et sans édition prévu.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Novo Encontro de Bloguistas


Sintra é uma vila linda: as suas ruelas, monumentos, florestas, histórias... as suas feiras e torneios medievais, a sua gastronomia. É pura magia. Um mundo assombroso e fantástico, digno da sua história, dos seus encantos e dos seus mitos.
Este foi o local escolhido para o Encontro de Natal de Bloguistas, que o Gonçalo, autor do blogue O Sabor Da Palavra, organiza com o contributo de outros bloguista de outros blogues.


O local foi muito bem escolhido e a data também. O encontro realizar-se-á no dia 11 de dezembro, sábado. Fim de semana, portanto.
Para além da troca de prendas entre os participantes, o Gonçalo pede outras sugestões e acções de solidariedade, porque o Natal não é só receber, é sobretudo dar e provocar muitos sorrisos.
Vamos pensar nisso? Quantas mais sugestões melhor, para que o leque de escolha seja o mais variado possível.
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1) Imagem retirada do blogue do Gonçalo
2) Digitalização de um postal de uma esposição de cerâmica contempoânea

domingo, 7 de novembro de 2010

TRANSPARÊNCIA

Os tempos eram difíceis. Muito. Adão de 35 anos e Eva de 28 eram um casal feliz e não tinham filhos. Eram um casal moderno e bem sucedido profissionalmente. Adão era piloto numa grande e reconhecida companhia aérea. Eva trabalhava num escritório de advogados e era considerada uma fera, pois não perdia uma causa.

Porém um dia, sem aviso e inesperadamente, o avião onde seguia Adão despenhou-se no oceano atlântico. Nas notícias disseram que não havia sobreviventes. Eva ficou dilacerada com a dor. Sofreu sentidamente o desaparecimento do homem que tanto amava. Porquê? Não havia resposta... nem corpo para ser velado. Dor imensa que nunca viria a desvanecer-se.

Deixou de aceitar tantos casos no escritório de advogados. Perdeu muitos. Chorou no tribunal perante todos. No escritório, aconselharam-na a tirar umas férias para descansar. Estava com um esgotamento...
Antes da morte de Adão tudo parecia tão certo, tão completo, tão tudo. Agora restava-lhe o vazio liso e transparente. A ausência física do homem original provocava-lhe tremores ou febres flébeis de morte. Até que um dia, depois de uma noite a beber sozinha o fel da sua amargura,se zangou consigo mesma por estar naquele estado tão deplorável. Bebeu até cair para o lado. Bebeu para voltar a estar sóbria e renascer de novo para a vida e, quem sabe, um dia, para a transparência do amor.





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Esta é a minha participação de Novembro para a Fábrica das Letras.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DESOLAÇÃO

Foto de F Nando


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Será assim que o planeta azul ficará depois da passagem humana pelos seus domínios? Ficará neste estado de devastação? Tudo ficará árido, deserto, morto, sem rasto, totalmente destruído?
Dias e dias de negociações entre os países mais ricos para diminuir a emissão de monóxido de carbono, encontros para sensilizar os homens para não destruírem e mais belo pulmão do mundo, a Amazónia. Quantos interesses políticos e económicos! É a globalização, são os mercados, são as pressões para ter energia...
Não obstante estes interesses e as desculpas de que é para que todos tenham uma vida de qualidade, há milhões de mulheres, crianças e homens que nada têm de seu, que morrem à fome, que morrem de sida, cólera, malária. Não devíamos preocupar-nos em minimizar o seu sofrimento e ajudá-los? Os homens comuns fazem o que podem e os homens que estão à frente do governo das nações? Limitam-se a debitar belos discursos nos diferentes encontros entre países, cheios de promessas megalómanas que não poderão nunca cumprir, dado que nem as mais simples cumprem.
É uma vergonha! A maior das vergonhas, porque não se pensa nunca no bem colectivo, no futuro das próximas gerações que vão herdar o ônus de todos estes actos. Por muito que a tecnologia evolua, não me parece que os problemas se resolvam por si só se não forem tomadas medidas atempadamente.
Seria uma pena condená-las a um mar de desolação por tanta fraqueza perpretada ao longo dos séculos. Não é de todo justo! Mas quem disse que o ser humano é justo?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Composição literário-estética

Foto de F Nando
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Esta composição que apelido de literário-estética, e que a máquina fográfica do artista captou, foi espontâneamente conjugada. Importavam os elementos e como eles interagiam uns com os outros sendo tão distintos.
Eu conto-vos. Há uma história que os une: o amor à literatura, à arte em geral, à paixão pela essência do ser.
Não sei ao certo se Fernando Pessoa gostaria de anjos ou se acreditaria nesses mensageiros invisíveis e amáveis. Creio que iria gostar deste, já que tem no colo um livro aberto que pode bem ser a compilação deste autor maníaco-obsessivo e, talvez por isso, genial.
Sim, onde quer que estejam terão conversas literárias e filosóficas sobre a fragmentação do eu. Talvez todos se encontrem a dialogar em torno de um cálice de um excelente e centenário Vinho do Porto (embora Pessoa preferisse outras bebidas mais fortes e que lhe provocassem sensações fortes.
Todos! Quem? Fernando Pessoa ele próprio; o seu primeiro pseudo-amigo Alexander Search; Bernardo Soares o seu alter-ego; o mestre dos heterónimos, Alberto Caeiro; o clássico Ricardo Reis, o futurista até à vertigem ou o melancólico Álvaro de Campos que não passava sem o seu ópio. Que "drama em forma de gente"! Mas quem mais foi tão múltiplo, tão fragmentado e genial?
Talvez ninguém. Talvez os autores dos livros de encadernação gasta pelo tempo de que, com certeza, Fernando Pessoa gostaria e guardaria no seu baú de memórias, baú da "criança que foi" feliz na casa onde nasceu, ali bem perto do Teatro São Carlos, não é mais.
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A Criança que fui chora na estrada

A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.

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E as velas, perguntarão? Pessoa acendia-as nas longas noites de insónia quando escrevia num jacto vários poemas que guardava, por vezes, no baú.

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Ler mais: http://www.luso-poemas.net

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Amanhã

Foto de F Nando
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Amanhã será outro amanhã, um novo dia para mim, que aguarda que algo de novo surja e que sabe, de antemão, que algo súbito vai aparecer. Essa nova aparição trar-me-á conforto e tranquilidade. Mudarei com ela e serei ainda mais eu: mais sonhadora, mais cativa das palavras que escrevi e de muitas outras que vou escrever. Vou ter Cronos do meu lado e vozes interiores, fantásticas para não deixarem que o mais belo e sincero de mim se torne moribundo.
Já vejo as páginas impressas a passarem sob os meus dedos. Cheiro-as, sinto a história, sei que as personagens pulam dentro delas desejosas de conhecerem o meu mundo. O mundo onde elas nasceram. O meu eu onde elas frutificaram como frutos maduros e odoríferos e que um jovem de rasgados e grandes olhos verdes converteu em ilustrações.
Estou em estado de embriaguez criativa, como se estivesse prenhe de novo de ideias lavadas pelo luar. Porque é à noite que tudo me aparece, algum tempo depois de ter bebido os gestos, as vozes, os encontros que acontecem durante o dia.
Renasço de novo. Quantos renascimentos passaram pos mim indeléveis e outros deixando marcas profundas. Apesar de tudo e de quanto me aconteça renasço. Posso sentir-me rasgada, humilhada, incompreendida, ferida, em chagas, mas renasço. E se tiver que gritar, chorar, quebrar a loiça para aliviar a dor, faço-o.
Depois vem a luz. São as palavras solares que nasceram na noite que me trazem gotas de orvalho para matar a sede, o nevoeiro para as encontrar misteriosas, as ondas do mar para molhar meus pés brancos.
Quero as palavras! Sempre. Não importa que seja para me dizerem ou para narrar as minhas histórias de encantar.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ilustrar

A autora destas ilustrações chama-se Fernanda Azevedo. Tem já uma vasta obra e alguns prémios em ilustração. Os mais novos adoram-na e os crescidos também. Gosta verdadeiramente do que faz.
Em tempos trabalhámos juntas e chegámos a publicar um livro infanto-juvenil. Sinto saudades desse tempo. Mas tudo muda.
Os projectos desta ilustradora são outros. E quais são os meus? Manter vivo este blogue porque os outros ainda não consigo.

domingo, 10 de outubro de 2010

Silêncio crepuscular

Foto de N Augusto

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Perfume da Chuva



Tema de Outubro da Fábrica de Letras: «O cheiro da Chuva". Esta é a minha participação ainda que com algumas alterações.






Foto de F Nando


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As personagens desta história nada têm de comum e apesar de viverem na mesma casa nem sempre se encontram. Na verdade, só quando a porta mágica se abre, na noite de estrelas cadentes, é que se cruzam por breves instantes. Mas nada dizem umas às outras. O silêncio é a senha para que tudo aconteça.

Naquela noite de anil, num tempo sem relógios, portanto num tempo sem tempo, a Menina do Vento e do Céu aproximou-se da porta. Bem perto, o seu cãozinho observava solenemente a sua dona. Sabia que ia partir , porém não podia ir com ela. Ela prometia voltar e como voltava sempre não havia o que temer.

A Menina Primavera também a mirava atentamente, na expectativa de que algo acontecesse. Havia muito tempo que não se viam estrelas cadentes... Assim que a Bela Noite chegou, a Menina do Vento e do Céu saiu para a rua com o seu manto azul cravejado de brilhantes.

Para onde ia? Elevou-se tanto, tão devagarinho, que se confundiu com o céu plúmbeo. Fez uma ligeira brisa na terra e começou a chover. Era uma chuva finhinha e ligeiramente rosada com sabor a mar e terra molhada.

Uma menina que se encontrava por ali a desfrutar os primeiros dias da Primavera, chorou de emoção e deixou que a chuva a molhasse por completo. Nunca antes a chuva fora uma harmoniosa combinação de aromas e cores... Que essências tão exuberantes... Nem os seus banhos eram tão perfumados!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Paisagens

Quem me dera acordar gaivota
livre de preocupações metafísicas
e pensamentos alados de angústia

Ter o céu só e sem limite
e as escarpas do mar como abrigo
para carpir as minhas mágoas
e esquecer os estados febris
Depois de muitos sóis
por onde viajei na brisa do vento
encanto-me sempre com o entardecer
de nuvens em farfalhos
e adormeço
talvez um dia eternamente

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Nota: Fotos de F Nando

domingo, 26 de setembro de 2010

Números simpáticos

Foto de FNando

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No Dicionário de Símbolos podemos encontrar a descodificação de palavras e números; isto é, o seu significado enquanto símbolos. Não vou fazer uma dissertação sobre símbolos neste post. Vou muito simplesmente escrever sobre o que alguns números significam para mim, sem carácter científico, portanto. Embora conheça o seu significado aplicado à literatura.
Gosto do número três. Acho-o um número forte, espiritual e poético. A seguir, vem o número sete. O que vejo nele? Sonho, esoterismo, fantasia. Tem feito parte da minha vida. Segue-se-lhe o número treze. Sim, o número treze e se coincidir com uma sexta-feira melhor. Acho-o também poderoso, mágico, guerreiro. Não acredito em mitos que o apelidam de "o número do azar".
Há mais algum número de que goste? Não! Já identifiquei os meus números de eleição. Então que faz aquele número duplo, em azulejo, a abrir esta reflexão sobre números? Não gosto particularmente do número quatro. Mas sempre achei o número quarenta e quatro simpático. Dois quatros. Um significado que vem de uma brincadeira de adolescentes.
Já lá vai o tempo em que eu e as minhas amigas jogávamos um jogo com os números de matrícula de automóveis que se repetiam e, para mim (imagino que para todas), o número quarenta e quatro era o preferido. O número onze correspondia a "Vais receber uma carta", o vinte e dois "Vais ter boas notas", o trinta e três já não me lembro (não devia ser nada de bom, pois também havia significados negativos), mas nunca esqueci o significado que atribuímos ao simpático número. Nós, jovens sonhadoras, românticas, procurávamos esse simpático número em cada automóvel que passasse por nós. Ficávamos felizes, pois era o melhor de todos e que enchia o nosso coração de expectativa... "Alguém te ama!" Não nos interessava saber quem. Ele, o príncipe desejado, acabaria por chegar e por nos fazer muito felizes.
Hoje continuo a dar-lhe imaginariamente esse significado quando o vejo na matrícula de um automóvel. É um número simpático. Hoje é um número FELIZ!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Amor de irmãos

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Este é o meu irmão e uma das cockers spaniel, a Sisse. Adora animais e se pudesse teria outros, passa algum do seu tempo, especialmente ao fim de semana, a tratar dos jardins e da horta.
É o meu ombro amigo, o meu porto seguro e tem-me ajudado muito há já alguns anos. O seu lado pragmático atenua o meu lado demasiado emotivo. Ainda assim não consigo deixar de sofrer por antecipação.
O meu irmão tem a força, a coragem, o carácter do nosso pai. Imagino que se fosse vivo teria muito orgulho nele, tal como eu tenho. É empreendedor, workaholic, tem sempre um novo projecto em mente que executa assim que pode. Subiu a pulso na empresa onde trabalha demonstrando sempre disponibilidade, responsabilidade, assertividade na tomada de decisões. Por issso vamos ficar tão longe. O Oceano Atlântico vai separar-nos. A empresa onde trabalha envia-o para Manaus, na Amazónia, para abrir uma fábrica de componentes de automóvel.
Já me sinto desamparada antes mesmo da sua partida, na próxima segunda-feira. Lá se vai o meu "mano", como costumo chamar-lhe, por ser mais novo que eu, numa altura em que não me tenho sentido bem. Ando triste e perdida.
Para me animarem, os meus/nossos amigos dizem: "Podes ir visitá-lo ao Brasil!", como se o Brasil fosse logo ali. Porém se ficar lá dois a três anos, acabarei, com certeza, por ir. Este meu mano é tudo para mim. Depois da morte do nosso pai e do aparecimento da minha doença crónica, que me vai empurrar para a reforma antecipada, ele é a nossa referência masculina, minha e da minha mãe.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Saudades da BlogGincana antes de dizer adeus

Esta é a minha participação na BloGincana de Setembro de 2010.
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É curioso ver que a Natureza se renova sempre, mesmo quando o Outono vem e as folhas das árvores caem ou quando no Inverno ficam despidas. Fecha-se um ciclo para dar lugar ao próximo que virá. O tempo de uma nova vida, o acordar lento e doce de uma outra Natureza. É na Primavera que tudo acontece.
O Mundo desde que é Mundo é protagonista de nascimentos e mortes. Plantas, animais, civilizações inteiras, homens, mulheres, crianças.
A "morte não pode ter razão sobre a vida" (Vergílio Ferreira) dizem os existencialistas. Mas tem. Porque é o caminho final para o qual todos nos dirigimos. Um dia deixamos de existir. Que acontece depois? Ninguém sabe. Eu, pelo menos, não sei.
Nem pretendo saber.
Este Verão, enquanto descansava alguns dias em Marvão, visitei as ruínas romanas de Ammaia. Fiquei fascinada pela beleza e quantidade de vestígios que ali pude observar. Não sendo uma entendida no assunto, imaginei diferentes espaços: saunas, salas, páteos, oficinas; festas, encontros secretos, aulas de filosofia ao ar livre...
Que me deu para me pôr a sonhar? As escavações tinham sido interrompidas por falta de verba, como me disseram na recepção. Havia ainda tanto a descobrir! Notava-se isso mesmo no terreno. Havia uma parte das escavações coberta, bem protegida.
Ontem Ammaia era uma polis, tem todas as características para o ter sido devido à sua dimensão. Hoje são só ruínas que encanta quem as visita.
Os Romanos morreram, deixando o testemunho
da sua passagem em diferentes pontos de terras lusas.
São ruínas, apenas ruínas para alguns porque onde não há vida não há mais nada. Não tem valor!
Aqui respira-se História. Só os mais incultos pensam de outra forma.
Haverá outro tipo de ruínas? Ou as ruínas são mais do que pedras? Talvez! Haverá outro tipo de morte?
Sim. A das palavras. A da partilha da resposta aos desafios da BloGincana.
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Nota: Fotos de FNando

sábado, 18 de setembro de 2010

Queria ser...


Foto de F Nando

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Queria ser sempre para mim
a que sou para ti
nos meus melhores momentos
quando penso e sinto apenas


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Encho as tuas folhas
de palavras e cores que desabrocham
desarmadas e puras
nas minhas longas vigílias


***


Deixo-me guiar enfeitiçada
pelas ondulações dessa minha outra voz
por esse eu maior


***


Sabe-me a minha poesia
a transparências do ser
a encontros de palavras orvalhadas
onde cintilam ainda gotas azuis


***


04-08-1999

domingo, 12 de setembro de 2010

Reinventem-me

Foto de F Nando
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Quero ser estátua
mas não uma estátua qualquer
Serei de material nobre
e burilada com o amor do escultor
Serei «Sem título"
para que todos me reinventem
Estarei num lugar mágico
e nunca mais me poderão menosprezar
Estarei voltada para o mar
para ver os barcos sair e entrar no porto
O sol e a chuva
dar-me-ão a honra da sua visita
O vento fustigar-me-á no inverno
e as gaivotas poisarão em mim para descansar
As estátuas são estátuas
não sofrem, nem sentem nada

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Maísa

Foto de F Nando
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Uma dor funda, aguda, inquietante apoderou-se de Maísa logo pela manhã dilacerando-a. O dia primaveril estava cheio de promessas. A natureza renovava-se e até o mar estava mais tranquilo. Respirava a harmonia em seu redor, porém não a sentia no seu interior. Estava dopada pela medicação. Os pensamentos não eram nítidos.
Lembrava-se que na noite anterior, depois de muito chorar por não achar um rumo para a sua vida, se encharcara de álcool e muitos medicamentos. Ainda estava de ressaca! Não sabia como chegara ali, só e conduzindo. Lembrava-se, no entanto de ter dado meia volta, quando chegara ao local de trabalho e não conseguira sair do automóvel por causa das lágrimas. Fizera exercícios de respiração, mas de nada adiantara. Pensamentos atrozes e maquiavélicos cruzavam a sua mente.
Era melhor para todos que ela não fosse mais. Para ela também. Descansaria, por fim. Acabaria a agonia, a angústia, o desespero, as lágrimas. Tudo terminaria. Tudo. Tudo.
Maísa só podia refugiar-se num local. E era aí que pensava acabar coma a vida. Levou os mais variados químicos prescritos pela médica assistente e whisky suficiente. Nem deu conta quando a maré encheu e a arrastou para alto mar. Aquele tinha sido o fim desejado: não iam as cinzas; ia o corpo... para se fundir nas águas do mar!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Um simples saco de papel...

Tenho por hábito guardar alguns sacos de papel dando-lhe as mais variadas finalidades. A maior parte das vezes acabam na reciclagem do papel depois de os ter usado e usado. Ficam amarrotados, amachucados e , ainda que com pena, digo-lhes adeus enchendo-os com os panfletos de publicidade com que "atulham" as nossas caixas de correio.
Certo dia, não sei precisar onde, nem quando, veio parar-me às mãos este saco delicioso. A história é simples mas linda e cheia de significado.


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PS- Ainda mantenho o saco.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Difícil de Aceitar

Gostava tanto do que fazia no seu trabalho. Trabalhava em equipa com as colegas e amigas que , hoje, raramente vê, mas com quem se comunica, de vez em quando. Foi até trabalhar para o estrangeiro e, no regresso, logo se sentiu perdida e insegura. Ainda assim, trabalhou, sem necessidade, as férias todas. Nos momentos de maior quantidade de trabalho nem descansava, fazia directas. Era já a fase da "mania" e da "obsessão". Depressa mudaria para as lágrimas e, anos mais tarde, para os ataques de pânico, a angústia, os desmaios, as faltas de ar, a incapacidade de transpor a porta não obstante estar pronta para o fazer.
Tudo começou pelo diagnóstico de uma depressão que não foi tratada, por vontade da paciente que achou que daria conta do problema sozinha. Seguiu-se-lhe a perda total da auto confiança e pouco tempo depois teve um esgotamento que a levaria à cama por um período de sete meses. Havia cura? A família achava que sim. Aliás não compreendiam muito bem o que se passava com ela. Tinha tudo. Fisicamente estava bem! Não havia razão para estar a viver estas crises.
Porém o seu estado de infelicidade, desespero, angústia, abulia aumentava. Saía de casa para o trabalho, mas em vez disso ia chorar para a beira rio e, em casa, mantinha um diário onde contava os seus desconcertos. Até que, não aguentando mais, tentou pela primeira vez (pois haveria outras) o suicídio. O irmão socorrê-la-ia à distância e ela terminaria internada num hospital psiquiátrico.
Procurou outros médicos, outras terapias, até que lhe foi diagnosticada esta doença do foro mental: depressiva bipolar/maníaco-depressiva. Fez-se sócia da ADEB (Associação de Apoio aos Doentes Depressivos Bipolares) onde, às vezes, vai aos encontros, às sessões psicopedagógicas, às terapias de grupo.
Se a família levou anos a "acreditar" nesta doença mental e nos seus efeitos, os seus amigos nem acreditam nesta doença tão perturbadora e que causa tanto sofrimento a quem a padece. Fisicamente pode-se estar muito bem (?), às vezes finge-se, mas é na mente e nos pensamentos tortuosos que tudo acontece. Estas pessoas são seres frágeis, com alteração de humor, que cometem as maiores atrocidades (gastos excessivos; condução perigosa; abuso do álcool; destruição de objectos em casa,...)
Não há cura. Há medicação que ajuda a estabilizar estes altos e baixos e, ainda assim, nem sempre se consegue esse equilíbrio.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sem Título e só Universo

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Esta é a minha participação para a «Fábrica das Letras» neste mês de Setembro de 2010, que agora se inicia. O tema é LIVRE!

Quando em Agosto entrei no meu escritório/biblioteca na casa da minha mãe, em Trás-os-Montes, toquei e abri alguns livros, revi álbuns de fotografias e reli alguns papéis escrevinhados há anos.

Deixo-vos com uma carta. Tem um destinatário imaginário: sem idade, sem rosto, sem credo ou raça. Na altura em que a escrevi andava demasiado ocupada com as minhas leituras e outros escritos.


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Carvalhais, 14 de Fevereiro de 2001


ESSÊNCIA DA MINHA ESSÊNCIA


Depois da ausência inesperada, finalmente o reencontro infinitamente adiado... Sei que devia ter chegado antes, ter-me manifestado, porém retiveram-me onde eu já não era há tanto tempo... E ninguém sabia!

Como soubeste que me aprisionavam? Como conseguiste encontrar-me? Saberei ou saberás dizer-me como chegaste até mim?... Confesso-te que não sei... Pedes-me que te conte o que me habita... Só que é demasiado doloroso lembrar que na altura eras só essência e eu a sombra de mim mesma.

Fui Eurídice para que tu fosses Orpheu e me resgatasses das profundezas que me tragavam. Mantive-me atenta para sondar o mistério, para ouvir a melodia ténue das esferas, para te ouvir. Soube esperar e tu vieste. E não olhaste para trás como ele.

Foi a tua voz divina, sussurrada em silêncio que me devolveu o SER. Ouvi-a veladamente, mas soube que eras tu. Deixei então que me levasses para onde eu seria novamente.

Soçobram em mim, em ti tantos momentos sonhadamente oásis que a Hora não poderá nunca apagar... porque a poesia que nos habita é indecifrável... porque só na nossa exsitência azul o sabemos. Nós conhecemos o indizível.

Temos o mesmo olhar de opala, claro, límpido, como outrora. É de ouro a claridade que nos une, porque tudo em nós é paisagem... etérea. Somos impensadamente melodias do SER. A ESSÊNCIA que somos poucos a sabem. A maioria desconhece-a nós não, porquanto saibamos que antes do reencontro houve duras provas a enfrentar. E que provas dolorosas conhecemos, meu amor...

Agora somos indefinidamente SEM TÍTULO e só UNIVERSO. Somos na nossa grandeza a anunciação da aurora sagrando de eternidade os que se amam.


Sempre.

Marília

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Nota:

1- Mantive o nome imaginário do remetente.

2- Se não puder participar com este texto por ser de 2001, logo, logo participarei com outro.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

MOMENTOS



Foto de N Augusto


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Este é um dos espaços nobres na parte oriental da cidade de Lisboa que a EXPO 98 nos deixou, apesar das derrapagens orçamentais. Ainda asssim, a meu ver, valeram a pena.
É um esspaço de todos e para todos. As crianças podem deliciar-se a andar de bicicleta ou percorrer o espaço num comboio, podem deliciar-se a visitar o Oceanário ou participar nas actividades que este lhes oferece. Também os adolescentes podem gozar dessas férias no Oceanário ou fazerem canoagem na Escola que lá existe.
Quanto aos graúdos, podem passear pelos jardins, os da Água são os meus favoritos, andar de bicicleta, visitar o Oceanário (já lhe perdi a conta as vezes que o visitei!), aproveitar para dar também um passeio à beira rio e observar a outra margem e a Ponte Vasco da Gama, ver e sentir no rosto a água dos vulcões de água, aproveitar a zona dos bares para matar a sede e o calor. E é destes momentos que os dias correm e o Verão passa.
E o teleférico? Pois não sei...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CONFISSÕES DE UMA ERRANTE

UMA LONGA VIAGEM

PARA FÁBRICA DAS LETRAS
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Cedo, cedo, extremamente cedo as letras tomaram conta do universo de Nathalie. Bastava olhar para o topo do berço e ali estavam elas, qual bailarinas a desafiá-la a dar-lhes nomes. Porém isso era ainda precoce. Não obstante, a aprendizagem do nome das letras aconteceu entre os dois e os três anos. As Educadoras de Infância consideraram que ela era «très douer pour les lètres et si curieuse!» Em casa a mãe cultivava-lhe esse gosto. Nessa altura era perfeitamente bilingue. Falava e aprendia em francês na escola, em casa falava e aprendia português. A mãe além de boa mestra e patriota não prescindia do uso e do ensino da lingua portuguesa. Todas as tardes se repetiam as lições.

Que literatura lia Nathalie? Que aventuras? Primeiro interessou-se pela banda desenhada: Tintin, Mickey Mouse, Tio Patinhas. Depois passou para as obras de contos de Charles Perrault, as traduções do dinamarquês Hans Christian Andersen, entre outros autores de que agora não se lembra. Como todos sabiam do seu gosto pela leitura, acabavam sempre por lhe oferecer vários e a sua biblioteca ia crescendo. Como era bom refugiar-se lá e viver todas as aventuras. Imaginar-se duende, fada, princesa, rainha, guerreira, águia. Quantas tardes maravilhosas viveu Nathalie.

Um dia estes sonhos acabaram e os livros ficaram para trás. Nathalie deixava, sem saber, o seu espólio, o seu maior tesouro. Viu-se neste país, Portugal, com séculos de atraso sem nada. Nem mesmo os pais. (Saltemos esta parte menos interessante da vida de Nathalie).

Hoje Nathalie continua uma leitora devoradora de livros. Vive vidas e em mundos fascinantes que a enriquecem todos os dias. A escrita também é outra das suas paixões pois é a forma de levar as suas viagens até aos outros (crianças, jovens e adultos).

O blogue «Tout sur Nathalie» surgiu como passatempo.

-Pardon, Mademoiselle Nathalie?

-C' est vrai!

-Vous êtes impitoyable. Je suis lá toujours pour vous. Dans vos moments de joie et de tristesse.

-T' as raison. Je m' excuse. À présent tu es mon meilleur ami. On peux continuer a nous ballader ensemble?

-Bien sur, ma belle...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Passear os sonhos

Foto de F Nando
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É noite, mas está uma noite tão quieta, tão suave, tão bonita! Não queres ir passear? Leva-me a passear, papá. Vamos passear os nossos sonhos sob a lua grávida. Disseste-me que um dia destes ela seria mãe. Posso ficar com um bébé lua? Vou tratar bem dele. Respondeste que sim. Até lhe compramos juntos um bercinho, acrescentaste.
Nessa noite passeamos tantos sonhos. Atravessamos a aldeia de mãos dadas e fomos falando alto sob a luz do luar, pois não havia outra luz por ali. E estávamos em pleno século XX. Era tão bom ter-te ali, pena o mês de Agosto passar tão depressa. A mãe não sabia ou não queria sonhar. Só tu.
Imaginávamos histórias. Como esta da lua. Sempre que era lua cheia dava os seus filhotes aos meninos mais bem comportados da terra para cuidarem deles, até ao momento em que esses meninos fossem estudar para longe.
Mesmo sem telescópio, víamos as crateras da lua. Outras vezes, ela aproximava-se um pouco mais de nós e contava-nos anedotas.
Quando o calor exigia, tomávamos banho nas águas claras e tépidas do rio. Era tudo tão, mas tão simples...
Tão feliz.

terça-feira, 27 de julho de 2010

TÉNÈBRES

Photo de F Nando
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Un jour
un quelque jour
n' importe quand
nos deux sombres si proches et enrobé avec la lumière
du soleil
ne serons plus lá
***
Mais tout le monde s' éloigneras de nous
de nos ténèbres et de nos cendres
de notre amour
***
Car notre absence sera si aigue
si rêvement invraisemblable
et à chaque jour moin justifié
que tout ceux qui nous ont jugé seront lá pour nous aimer

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um Dom Rodrigo, por favor

BLOGGINCANA DE JULHO




«Por sugestão da leitora Nely:

Desta vez é uma prova de destreza vocabular e de rapidez. Você tem de encontrar três palavras em que cada uma tenha mais do que um significado. E não podem usar palavras já usadas por outros participantes. Por isso, desta vez, a rapidez exige-se. Ah, o Novo Acordo Ortográfico já vale!»





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Há homens que depois de terem passado momentos duros e difíceis na vida, conseguiram virar a página do seu livro. E nada aconteceu por acaso. Estavam no lugar certo, no momento certo e o tempo veio provar o seu talento (1).
José Carlos Malato tem o dom da comunicação e de levar a sua boa disposição a todos os que assistem aos seus programas ao vivo ou simplesmente em casa. A sua alegria efusiva é contagiante.
Já fui assistir, quando preparava os alunos para o Concurso Nacional de Leitura, ao programa no primeiro ano, e os problemas electrónicos foram mais que muitos e este senhor não perdeu a compostura. Animava e conversava com os jovens para os descontrair. Também dizia uma graçolas para o público! Perguntava de onde eram e por vezes lá soava o seu "Já fui tão feliz aí!"
Tenho de dar a mão à palmatória! (2) Se até aí gostava do José Carlos Malato enquanto apresentador, passei a admirá-lo como ser humano. Foram horas de espera, horas a filmar e a ouvir dizer "corta", horas de ver retocarem-lhe a maquilhagem, horas e horas para... se voltar uma semana depois.
Para além de ser hipocondríaco, como ele não se cansa de dizer, também deve ter o pecado da gula. Ainda há dias o ouvia dizer para um membro da assistência no seu mais recente programa «Então, trouxe-me um D. Rodrigo?»(3)
Mas não, não havia! Só muitos sorrisos e animação! E concorrentes queriam ganhar alguns euritos que a crise está nos píncaros...
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Vocabulário:
1- talento- Que inteligência e que agudeza de espírito que ele tem! Coisas à Malato é o que é.
2-palmatória - Se não respondes bem à questão levas com a palmatória! Sabes o que era? Não? Uma valente régua. Ai meu Deus. Como elas doíam!
3- Rodrigo- Rodrigo, Rodrigo, a resposta está ... certa! Muito bem! Este rapaz ainda vai ser melhor do que eu!



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Foto retirada da net

domingo, 18 de julho de 2010

London Eye

Photo by Pedro Reis Miguel