quarta-feira, 25 de julho de 2018

Chelas





Chelas é uma aldeia que fica a dois quilómetros e meio de Mirandela,  em Trás os Montes. É uma aldeia pacata e pequena, com poucos habitantes, alguns deles bastante idosos. Quase não há crianças. Talvez uma, duas ou três. Não sei precisar.
A aldeia fica no cimo de um monte e a paisagem circundante, mais ou menos longe, é constituída por serras e montes e uma pequena planície. A maioria das casas é em pedra, mas há também construção de casas mais modernas. Isto é, as que não se conseguiram reconstruir em pedra, foram reconstruídas em betão. Há ainda vivendas enormes construídas posteriormente à reconstrução e reabilitação das mais antigas que têm uma traça mais moderna, não desvirtuando a arquitetura da aldeia. Há, no entanto, bastantes casas para reabilitar num dos bairros da aldeia.
A antiga escola já não recebe alunos há muitos, muitos anos. É agora o lugar de encontro dos escuteiros de Mirandela. Preserva-se assim algum do património da aldeia. A igreja de Santa Maria Madalena também foi recuperada e atrai a atenção dos habitantes  e dos turistas. Ali se reza a missa, se fazem batizados, casamentos e funerais. A 22 de Julho faz-se uma pequena festa em honra da padroeira e nesse dia ou mais a aldeia ganha mais vida.
No mês de agosto as casas de segunda habitação enchem-se de gente com a chegada dos emigrantes e com a vinda dos que moram no Porto, Lisboa ou outras cidades de Portugal. Nessa altura há mais gente e a pequena aldeia adquire um novo colorido. Os reencontro acontecem e todos estão satisfeitos por essas merecidas férias.
Nesta aldeia não há um único café ou restaurante. Nunca houve. Houve em tempos idos uma taberna e mercearia que morreu com o desaparecimento gradual das pessoas. Apesar de não haver café, nem mercearia, há pão fresco todos os dias, peixe e mercearia uma vez por semana. 
A "Quinta Entre Rios" é um empreendimento de agroturismo que alberga alguns visitantes curiosos em conhecer tão pacata aldeia ou que preferem a calma e o silêncio daqueles sítios. Ouve-se simplesmente, a maior parte do ano, o latir dos cães, os trinados dos pássaros, as cigarras, e um ou outro automóvel que passa.
Na maior parte do tempo não se vê vivalma. Os invernos são muito frios, com neve a cobrir a paisagem, e os verões são muito, muito quentes. A temperatura ultrapassa em muito os trinta graus.
Chelas é uma aldeia pequena mas hospitaleira. A paisagem é de cortar a respiração com tanto que os nossos olhos veem. O olhar perde-se na linha do horizonte onde terra e céu se encontram em harmonia.


segunda-feira, 23 de julho de 2018

Passeios





Gosto de sair para dar um passeio pelas ruas da cidade ou ausentar-me de casa para conhecer outros sítios. Sabe bem sair e ver outras paisagens. Faz bem à mente e a aparição de novas paisagens enchem-nos de alegria e paz.
Há algum tempo, fomos passear até à cidade da Guarda. Não fizemos o trajeto de uma vez só. Aproveitámos para parar e conhecer a aldeia mais portuguesa de Portugal: Monsanto. Esta aldeia tem a peculiaridade de estar incrustada nas rochas e algumas das casas têm mesmo o telhado de rocha. São casas de pedra lindíssimas e que respiram  o ar dos antepassados. Cada casa é uma história ou várias.
Os trilhos são estreitos e para visitar a aldeia de Monsanto tem de se andar sempre para cima até ao topo das fragas. Os penedos erguem-se orgulhosos e intemporais. De cima dos rochedos avista-se a planície lá longe que se perde no infinito, que fica bem junto ao céu.
Nem todas as casas são habitadas, percebe-se que algumas delas são a segunda habitação e algumas delas estão reabilitadas. Muitas delas têm jardins floridos multicolores, as que não têm jardim têm vasos de flores muito bem tratadas.
Depois dessa paragem por Monsanto, seguimos o nosso caminho com a beleza destes sítios no nosso olhar.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

ESPLANAR



Hoje, como noutras tardes, o Nando e eu fomos dar uma volta pelas ruas do Montijo, rumo ao Café da Praça.
Como têm estado uns dias quentes descemos as ruas para sentir a brisa do vento e passear um pouco. Depois do passeio, aproveitámos para beber uma bebida refrescante. Sentámo-nos na esplanada do referido café após feito o pedido. A cerveja está sempre fresquinha.
Sabe bem esplanar, como dizemos entre nós. É uma pausa habitual ou que se está a transformar num hábito. Enquanto estamos a  esplanar, conversamos e observamos os transeuntes rumo a casa ou a outro lugar qualquer. É uma boa forma de relaxar.
Algumas crianças brincam no jardim ou no coreto, os transeuntes passam com mais ou menos pressa, alguns sentam-se também na esplanada a beber algo igualmente fresco, comer gelados ou comer um croquete, um rissol ou um bolo.
É agradável estar na esplanada a esplanar. O vento sopra tornando o calor suportável. Está-se tão bem! É bom nada fazer a não ser saborear parte do fim da tarde, conversando ou observando o movimento da Praça. Os temas da conversa vão variando. Hoje falámos do que vamos fazer no próximo fim de semana. Decidimo-nos por ir ao "Rendezvous - more than wine", em Lisboa. Começamos a planear as próximas férias, isto é, a nossa viagem a Lagos. E por aí fomos ficando sonhando com outros destinos caso a ocasião nos apareça. O Nando falou em dar a volta ao mundo. Seria tão bom!
Esta tem sido uma forma de sair de casa apesar dos dias mais ou menos quentes. Esplanar faz bem. Esplanar é bom. É ver o tempo passar sem o sentir passar.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

No Rendezvous - More than Wine



Esta sou eu no "Rendezvous - more than wine", um espaço acolhedor onde se podem comer deliciosas tapas transmontanas, e não só, e beber um bom vinho ou cerveja artesanal. Gosto também das compotas que servem com os queijinhos e da ginjinha de Lisboa. Há muito com que nos deliciarmos.
O espaço é muito agradável e bem decorado com notações de madeira: uma parede e uma estante onde estão expostas as bebidas e os doces.
Este espaço fica na Rua de São Vicente, em Lisboa, bem perto do Panteão Nacional e da Igreja de São Vicente.
Depois dos comes e bebes pode-se fazer um passeio cultural, como eu  já fiz. É um bom programa para um fim de semana ou um dia de férias. 




Somos
impensada e sonhadamente
melodias incompletas do ser
numa pauta essencialística
todo o momento reescrita
na tela da vida
Buscando e acreditando em sonhos, paixões, quimeras
a realizar





Quando a lua sobe no céu escuro, com o corpo inchado e pleno, os duendes saem dos seus múltiplos esconderijos, para cravejarem de diamantes o infinito cósmico.
Estou a vê-los ainda agora: pequenos criadores de luzes mágicas, longínquas, saltitando de estrela em estrela ou voando no firmamento longínquo.
Não me canso de os observar, por querer ser como eles: seres etéreos, imaginários, sem sentir nada do que me atropela o pensamento e me adensa o vazio.
Se fecho os olhos, ainda que por breves instantes, sem tempo no relógio, aproximam-se de mim e segredam-me ao ouvido as palavras que a lua não me pode dizer.








Estive uma semana na aldeia da minha mãe. Aí passei parte da minha infância e a adolescência. Muitos anos se passaram. Se na altura morava pouca gente, hoje há ainda menos habitantes.
A aldeia da minha mãe chama-se Chelas e fica a dois quilómetros de Mirandela. Tem casas em pedra e outras de construção mais moderna. Tem um complexo de agroturismo designado Quinta Entre Rios, porque a aldeia fica situada no alto do monte entre dois rios que se unem no fundo da aldeia. Do lado direito, corre o rio Rabaçal e do lado esquerdo corre o rio Tuela. Quando se unem nasce o rio Tua. A paisagem é deslumbrante.
Quem é amante da natureza e de desportos mais ou menos radicais pode ficar na Quinta Entre Rios. Os pequenos almoços são frugais e com fruta e iguarias da época e da Quinta. Pode nadar na piscina, jogar ténis, fazer caminhadas, andar a cavalo ou de moto-quatro. Tudo é permitido, inclusive participar nas colheitas quando é tempo delas.
Na Quinta Entre Rios podem realizar-se casamentos, encontros de jornalistas, reuniões várias pois há uma sala autónoma para a realização de eventos. É um belo espaço circundado por árvores, flores de todas as espécies, relva verdejante e trilhos de pedras.
No complexo encontramos casas com os nomes do que o espaço foi ou albergou um dia: Casa do Lagar; Casa do Pastor, Casa do Forno, entre outras.
Sempre que vou à aldeia da minha mãe acabo sempre por tirar umas fotos às habitações da Quinta, desde a Casa Senhorial, de outros séculos, e às outras que compõem o complexo.
Gosto desses dias tranquilos onde não se vê quase ninguém. Só é pena o muito calor que faz nesta altura do anos. A temperatura ultrapassa e muito os trinta graus. É a Terra Quente. Que outro nome poderia ter?
Gosto de perder a vista pelos montes e serras. Cada recanto é uma pequena parte deste paraíso algo esquecido.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

NATHALIE

Sim, esta sou eu e o meu Ser francês
desde o dia em que nasci
ainda e sempre nas indesejadas
separações físicas

*  *  *
É onde eu estou sempre
ainda sonhadamente
nos instantâneos parisienses
*  *  *
Vou para Paris só ou com os amigos
e palmilhamos as ruas claras e  perfumadas
de croissants, crepes e nutella, waffles.

*  *  *
Sei tão bem os cadeados de Amor
no ponts des arts,
a paixão nos nomes e curtas declarações.
São sentires indomáveis
de tão felizes apareceres!

*  *  *
Sinto como meu
 o quotidiano
das baguettes debaixo de qualquer braço
a pedir fromage, beurre, confiture e um café
em cada início de dia.

*  *  *
Que visão tão pitoresca e citadina!

*  *  *
Sou sempre Nathalie em Paris.
Existo em sensações de bem estar e bem querer.
Amo e sinto-me amada, querida, apaixonada.

*  *  *
Encho-me de fugas furtivas
até ao mais fundo do Ser
e tenho o melhor dessa viagem parisiense.

*  *  *
Nathalie?
Oui, c' est moi!
Ici, pour toujours.

SEI AGORA
SÓ AGORA
QUE O AMOR É UMA DELICADA
MAS TAMBÉM INTENSA ESSÊNCIA
QUE INVADE O ESPÇO CARMIM
AVELUDADO

*  *  *

SEI AGORA
SÓ AGORA QUE TEM NOME
DE ESTAÇÃO CLARA
E É INIGUALÁVEL
NOS SEUS BEIJOS TERNOS
E DOCES REPETIDOS
SEM URGÊNCIA OU COM ELA

*  *  *

SE ASSIM NÃO FOSSE
NÃO SERIA AMOR
MEU AMOR

AS PALAVRAS

As palavras dizem o amor de se ser aqui, ali, hoje, agora. São a confissão de que a vida é feita de momentos onde a sensibilidade está à flor da pele. Podem ser momentos poéticos e momentos sensíveis.
As palavras são o eu que me habita e me traz felicidade, já que me contam inteira. São a minha história vivida, a que vivo, a que hei de viver. Sei que são de luz e amor, de sol e de ondas do mar, de nascer de dia, de cair da noite.
As palavras contam também os mundos que vi e transformei em textos poéticos ou em narrativas. São os sonhos que sonhei e hão de ser outros sonhos a viver.
As palavras sabem-me a sensibilidade incontida na página anjo. Tenho-as e deixo-as aparecer para me sagrar de grandeza reconhecendo, todavia, a minha pequenez.