quarta-feira, 29 de abril de 2009

Metamorfose



Sou as ondas do mar
Que docemente embalam o teu sono
Para te fazer sonhar

Em mim ondulam palavras e melodias…
Às vezes histórias encantadas
E poemas policromos
Que discretamente deixo no areal

Sou a voz do mar…
A voz primordial do ser
Que longinquamente te acompanha
No teu olhar sonhador, resplandecente

Sou o poema líquido azul
Que o sol acaricia em cada amanhecer

sábado, 25 de abril de 2009

Dia do livro

Ilustração de Pierre Pratt
***

«Quem escreve constrói um castelo. Quem lê, passa a habitá-lo.»
Milan kundera
*****
Vivo rodeada de livros. Para ser sincera, sempre vivi rodeada de livros, desde a minha infância.
Grandes, pequenos, de diferentes materiais, de contos, de banda desenhada, com ilustrações magníficas.
Aprender a ler foi a maior e melhor descoberta da minha infância, porque assim podia ter acesso ao que os livros diziam. E imaginava os castelos, as batalhas, as princesas e os príncipes, o lobo mau, os animais... Que mundo fascinate e tão rico. Era-me tão fácil habitar esses mundos, porque os visualizava com uma nitidez impressionante.
Deram-me tantos livros! E li-os todos. Agora que evoco esses presentes tão desejados, lembro-me que me fascinavam não só as histórias, bem como as ilustrações.
Hoje continuo fascinada pelos livros. Pelos que vou adquirindo, pelos que me oferecem e agora, também, pelos que escrevo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Leituras do Ser


Há questões que não devem ser verbalizadas. Para quê colocá-las? As respostas encontram-se dentro de cada um. Quando se é sensível, intuitivo e se passou muitos anos a observar atentamente o comportamento dos Outros e o nosso, sabemos o que se vai passar a seguir. As reacções de cada Ser Humano perante as mesmas ou diferentes situações repetem-se.
Há leituras previsíveis, porque são deixados sinais, assumidos determinados comportamentos e omitidos outros. Ler cada Ser é difícil e incompleto, porque esse Ser nunca é inteiramente autêntico, verdadeiro, sincero com o Outro. Um usa uma máscara, o Outro finge, a princípio, que não a vê.
Entretanto, sucedem-se as omissões, os silêncios e as desculpas. A máscara cai. Assim, o que era magia, sonho e encantamento morre.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Despedida



De todas as flores prefiro as rosas, que eram também as tuas preferidas. Carmim e de pétalas aveludadas. Na quinta, por esta altura, pairava o seu aroma. Eram tão odoríferas. Era um pequeno jardim que cuidavas,como tudo o resto, com dedicação e carinho.
Depois partiste. Mas elas, ainda que efémeras, vieram comigo, connosco. Estão num outro jardim e evocam a tua presença alada.
Ainda sinto saudades tuas! Hei-de sempre sentir a tua ausência, porém já não dói como doía. Além disso, continuo os meus e os teus sonhos, que partilhei contigo.
Sabes do que sinto mais falta? Dessas nossas longas conversas, de sonharmos em comum, da força e coragem que me transmitias. Estou a recuperá-la de novo.
Não foi há muito tempo que fui capaz de te deixar ir. Ficaram as nossas rosas.
Adeus pai.




sexta-feira, 3 de abril de 2009

«La beauté échappe aux modes passagères.»

Le peintre Robert Doisneau connaissait si bien le pouvoir de la photo. Elle est tout, moin une mode, qui résiste au temps.

'Quand j'ai sauté en marche dans la photographie, elle était en bois. Aujourd' hui la voici devenue quasiment électronique. Je reste le nez à la portière avec la même curiosité que le premier jour ; cette curiosité animale est le moteur.'


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pretende a atenção feminina?

Quando há alguns anos me enviaram este anúncio, constatei o quanto os homens são capazes de tudo para impressionar as mulheres.
Para já estacionam o veículo onde possam ser vistos. Depois entram no automóvel, fixam o seu olhar no feminino de forma charmosa, sorriem e seguem caminho.
E o mesmo se repete todos os dias. Até faz acrobacias. Porém, algumas não saem muito bem.
No mundo da sedução vale realmente tudo. Interessante!



Centre Georges Pompidou


Não imagino Paris sem artistas. Não imagino Paris cosmoplolita sem artistas oriundos dos quatro cantos do mundo. Expressão curiosa, não? Se a terra é redonda,por que é que há-de ter quatro cantos?
Aliás consigo visualizar perfeitamente os cafés onde todos se reúnem para as suas tertúlias. Fala-se de tudo. Do mais inocente ao mais inconveniente e escabroso. Porque o álcool ajuda.
A minha vontade de fuga para lá reside no meu desejo de pertencer a esse mundo artístico. De estar entre os artistas.
Numa dasvisitas ao Centre Georges Pompidou fiquei fascinada com o que vi e ouvi. Além de que as pessoas, mesmo as desconhecidas, dialogam umas com as outras.
Esta foi uma das muitas fotografias que tirei. Por Paris ser a Cité des Lumières.

Champs Elysées

La Citroen



Les voitures: la passion de mon frère


Le rouge: ma couleur préféré

Visite à Paris le 5 Octobre 2007

Bientôt. bientôt je serais de retour!

PARIS




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Attrape-moi... si tu m' aimes.

Paris nous attends. Elle attends toujours les amoureux

... et les artistes.


Fuyons!

Nous avons envie de liberté et de folie.

Notre bonheur n' est pas ici!


Tu ne dis rien?


Au revoir, mon amour.

Je pars.

Embrasse-moi fort.

A doença dos afectos

Handy Warhol, Pop Art


*****
Será que só nos momentos de mania se consegue um estado hipnótico de criação? Sim. Acreditem que sim. Mantive-me no desconhecimento durante anos, porém agora sei que é verdade. Somos outros, outras, muitos, muitas sem descanso. É a nossa mente a guiar-nos para um completo estado de embriaguez. Mentes alucinadas, hipnotizadas pelo que nos habita momentaneamente! São os pensamentos que passam alucinantes, que se quedam ou fixam em ideias infinitas. Depois vem a vertigem do nada, do vazio, da ruptura connosco e com os outros.
Nestes actos criativos criamos, inconscientemente, barreiras. Por vezes, autênticas muralhas. Existimos nós e existem os outros. O nós que não nos deixa, que vive desassossegado, estranhamente estranho e sempre imerso no seu mundo. Por vezes sem saber o que fazer, ou que sabe o que não sabe, o que quer ou não quer. Somos inquietos e inquietantes. Não obstante, só paramos depois da obra concluída. Há dias consecutivos em que não podemos viver sem essa vertigem de se ser e existir para além do que, para os outros, é normal.
Este nós nunca é só eu, porque em cada eu há um nós: trevas e luz. Sem saber quando, como, porquê. Não queremos, mas somos. Não adianta lutar contra a abulia, a astenia, o desejo de permanecer tão quieto e silencioso quanto possível. Precisamos de descansar. De deixar que o coração sinta ou que a mente se detenha no que já terminou.
Os outros são a nossa família e os nossos amigos mais próximos. Os familiares sofrem por assistirem ao nosso desatino, muitas vezes à nossa indiferença perante tudo e à nossa incapacidade de reagir. Por mais que tentem, não compreendem. É-lhes difícil saber a razão do nosso estado. Embora tentem. Os amigos sentem a mesma incapacidade.
O melhor e mais reconfortante de tudo é que, apesar de tudo, apesar dos diferentes desvarios e loucuras cometidas, nem uns, nem outros nos abandonaram. Estão presentes, tentam aliviar-nos a passagem dos dias e dão-nos o seu carinho. Mesmo que não o mereçamos.