domingo, 27 de maio de 2012

XVII - Naquele dia...





Florença - Ponte Vecchio
(http://www.vamosparaitalia.com.br/firenze.html)

Emilie e Faby passearam pelas belíssimas ruas de Florença, cidade considerada o berço do Renascimento italiano. Além de visitarem o Tempio Maggiore ("Templo Principal"), considerado um dos mais belos da Europa, visitaram também outras catedrais e museus.  Viram e maravilharam-se com as obras de artistas famosos e intemporais como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Giotto, Botticelli e outros.
Depois do almoço, foram à Galleria degli Uffizi (Galeria dos Ofícios) pois queriam ver o quadro "O Nascimento de Vénus" de Botticelli. Passaram algum tempo a admirar o quadro e a tirar fotos às escondidas. 
-- Emilie? Emilie? -- chamou Faby sem, no entanto, conseguir cativar a sua atenção. Parecia enfeitiçada. -- Emilie? Emilie? -- repetiu até obter a atenção da amiga.
-- Que queres? 
-- Está ali, não olhes agora, um italiano a olhar para ti.
-- Estás a brincar!?
-- Não, não estou. Tem-nos seguido desde o almoço.
-- Que nos siga que nós não temos medo. -- disse Emilie.
-- Está a seguir-nos por tua causa. -- acrescentou Faby. -- Nem sequer finge. Olha descaradamente para ti.
-- Pois que olhe. Daqui não leva nada.  E agora que queres fazer?
-- Descansar um pouco no hotel para depois irmos às compras. Pode ser?
-- Sua consumidora compulsiva!!!
--Sim sou! E tu não, Emilie? Então estamos em Firenze, ex-centro da moda, e não fazemos umas comprinhas?
-- Claro que sim! Faço-te a vontade.
Ambas foram para o hotel descansar um pouco. Saíram por volta das dezassete e trinta e entraram em belíssimas lojas, algumas delas instaladas em prédios renascentistas. As decorações das vitrines eram verdadeiras obras de arte. Compraram sandálias, sapatos, vestidos e acessórios. Antes de regressarem ao hotel, Emilie levou a sua amiga a uma das mais conhecidas pontes de Florença: a Ponte Vecchio (Ponte Velha). Explicou-lhe que se  tratava de uma ponte em arco medieval sobre o rio Amo, a única coberta. Era uma das mais famosas por por ter uma quantidade considerável de lojas ao longo de todo o tabuleiro.
-- Lojas? -- amirou-se Faby. -- Que tipo de lojas.
-- Já vais ver. Nem vais acreditar.
E seguiram à beira rio num belo por do sol. 
-- Ah, que lindas jóias! Vou ter de levar pelo menos uma. -- Disse Faby.
-- Estas lojas são famosas por venderem joalharia e ourivesaria. Tudo em ouro e prata. Quero comprar uma bela jóia. É um investimento, certo?
-- Sem dúvida.
-- Depois ainda te mostro outra particularidade desta ponte. Vais amar! 
Faby optou por comprar um belíssimo anel de ouro com uma safira. Emilie comprou uma bela gargantilha em ouro branco com diamantes.
A seguir, Emilie quase que arrastou a amiga daquelas lojas tentadoras. No entanto, não saíram da ponte.
-- Gostaste do passeio?
-- Muito. Gastei um dinheirão. Também não é sempre que o faço. -- disse Faby. -- E agora onde vamos?
-- Ficamos aqui a ver se descobres algo diferente das nossas pontes.
-- Aqui tudo é diferente. Aliás, além está o teu admirador secreto.
Emilie voltou-se para trás e lá estava um belo homem latino que se virou  assim que os seus olhos se cruzaram.


XVI Naquele Dia...


Siena - Piazza del Campo


Emilie e Faby passearam muito nesses felizes e tão agradáveis dias de férias. Daqueles realmente inesquecíveis, para o bem e para o mal.
Alugaram um Lancia para melhor se poderem deslocar entre as localidades que queriam visitar. Ficaram instaladas em estalagens e hotéis diversos. Tentavam ser práticas e poupar algum dinheiro para ver o máximo.
Faby, que já conhecia Roma, levou Emilie numa visita guiada. Esta sentiu-se defraudada com o Coliseu porque o imaginava maior nos documentários televisivos. A Praça de S. Marcos também lhe pareceu pequena, porém a Cidade do Vaticano impressionou-a pela sua grandeza, riqueza e beleza. Adorara os frescos de Miguel Ângelo na capela Sistina. Era um estado rico. Muito rico. Demais. E as catacumbas? Um mundo totalmente diferente: escuro, frio e subterrâneo onde milhares de cristãos se refugiaram ou se exilaram para não morrer às mãos dos romanos. Nos três dias que estiveram em Roma, visitaram ainda a Fonte de Trevi numa cálida noite.
No dia seguinte, rumaram para Siena. Faby conduzia. Sentiam-se livres e ansiosas por continuar a viagem.
-- Gostaste de Roma? -- perguntou Faby.
-- Gostei. Mas acho que estava à espera de mais. Que os monumentos romanos fossem mais monumentais, mais grandiosos...
-- Foi o que eu senti quando cá vim. É a primeira impressão, acho.
-- Sim, deve ser... Sabes, achei o tráfego confuso. A condução dos italianos é de fugir. Não respeitam nada, nem ninguém.
-- O pior mesmo são as motas e as vespas. Não respeitam mesmo as regras de trânsito. Ser-se pião é difícil. -- acrescentou Faby. -- Podes encostar-te um pouco, quando chegarmos a Siena chamo-te.
-- Não te importas?
-- Claro que não, miss Emilie.
Chegaram a Siena à hora de almoço e antes de explorarem a cidade almoçaram numa das esplanadas da Piazza del Campo, na zona medieval da cidade. O serveur veio logo para lhes entregar os menus e explicar qualquer dúvida. E claro que havia algumas. Pediram logo água fresca e vinho tinto.

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Menu

Antipasto all'italiana: formaggi,affettati,sott'aceti.

Primi: pappardelle ai funghi porcini,lasagne,tortellini,cannelloni,pa… al forno,spaghetti allo scoglio.

Secondi: sgaloppine ai funghi porcini,frittura mista di pesce,grigliata mista,salsiccie e patate,rosbief.

Contorni: insalata caprese,insalata mista,patate al forno,contorno di verdure cotte.

Dessert: pastiera napoletana,crostata alla frutta,coppa malù,budini..

Frutta: scegli sempre quella di stagione,talvolta scarsa ma saporita.

Ti consiglio anche il sorbetto al limone per dividere le pietanze di carne e pesce.
spero di averti aiutato!

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Só de olhar para os pratos que chegavam à mesa, um tentador odor colorido enchia a boca de água. Até ali tinha sido o melhor almoço de todos. No fim, pediram café. Enquanto esperavam ficaram a observar o belo edifício da Câmara Municipal, a Torre del Mangia, a praça em forma de meia lua onde se realizava a corrida de cavalos em junho e onde agora se encontravam turistas sentados, italianos a passear, namorados deitados e crianças a correr. A luz era magnificamente projectada pelos monumentos históricos na praça.
-- É lindo! Magnífico! -- disse Faby. Emilie anuiu.
Ali permaneceram dois dias para visitar a catedral, o famoso Campanário da Câmara, ver melhor a Praça. Siena tinha sido considerada pela UNESCO como Património da Humanidade pelo seu vasto património artístico.

Depois desta estadia, seguiriam para Florença.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

XV - Naquele dia...


Emilie e Faby gostavam de viajar e já tinham feito outras viagens juntas. Ambas gostavam mais ou menos das mesmas coisas. O mesmo gosto pela arte, pela leitura, pela profissão, pelas viagens. Eram as duas lindas e solteiras e iriam desfrutar da "bella italia".

quarta-feira, 16 de maio de 2012

XIV - Naquele dia...


 http://www.voyagesphotosmanu.com/mapa_da_italia.html

Naquela último dia de junho, Emilie já tinha as malas prontas. Supunha que Faby também, pois iam encontrar-se dali a pouco no aeroporto. Continuava super entusiasmada com a viagem, apesar de já ter ido a Itália. Havia tanto para ver, amar e degustar! 
Visitariam Roma: levaria Faby a conhecer o Coliseu, as Catacumbas, a praça de São Marcos, a Fonte di Trevi e sairiam à noite. Comeriam um bom risoto e pasta e saladas dos anjos. Ao contrário do que se pensava, os italianos não comiam muitas pizzas, porém faziam-nas para os turistas e eram deliciosas. 
Depois seguiriam para Siena. O que mais gostava nesta cidade era a arte que estava como que ao alcance da mão. Era uma cidade muito rica a nível cultural. Havia numerosas estátuas e obras de arte mostrando, tal como em Roma, os irmãos amamentados pela loba. Levaria Faby à praça principal, em forma de meia-lua, chamada Piazza del Campo, onde se encontrava a Câmara  Municipal, um belo monumento do séc. XVI, com o famoso Campanile (campanário). Nesta praça também veriam a alta Torre del Mangia
O que Emilie mais gostava de ver era a corrida de cavalos.  O Palio decorria duas vezes por ano, a 2 de Julho e 16 de Agosto. Nesta corrida participavam dez cavalos e cavaleiros, e cada par representava um dos dezassete bairros da cidade.
Seguia-se Florença. Ah Florença! Como fora feliz ali com o seu ex-marido. Para que vinha ele visitar o seu pensamento? Não havia qualquer razão. Nenhuma. A cidade de Florença era mágica.A cidade da arte e do futebol. Além disso, era a cidade natal de Dante Alighieri, autor da Divina Comédia. E os museus! Só arte e história e arquitetura.
Seguir-se-ia a visita e estadia na mais bela lagoa do Adriático, a lagoa de Veneza. Como Faby iria adorar andar de gôndola nos canais de Veneza, andar a pé pelas ruas estreitas e atravessar as inúmeras pontes, cada uma mais bela do que a outra. Teria muito que lhe mostrar: palácios, museus, praças e igrejas. 
A última cidade seria Milão onde também apanhariam o avião de regresso. Tinham um bom plano de viagem, parecia-lhe; e que seria sempre discutido com a sua amiga de infância.
Chamou um táxi e foi para o aeroporto onde Faby já a aguardava.

terça-feira, 15 de maio de 2012

XIII - Naquele dia...



Jean foi ter com Emilie ao escritório depois da reunião com as equipas de criativos. Reviram algumas das propostas de publicidade e marketing. Estava tudo correto. Agora era só deixar que o trabalho fosse desenvolvido antes do prazo final para nova revisão. 
Emilie não encontrou nada de estranho em Jean. Não tinha por que desconfiar dele. Era seu chefe e também seu amigo há alguns anos.
E os dias passaram; e as semanas passaram; e os meses passaram. E o dia de aniversário de Emilie chegou. Convidou o diretor do seu escritório, os seus colegas, os seus amigos e alguns familiares. Fez reservas num dos melhores restaurantes da cidade. 
Na manhã do dia do seu aniversário, foi recebida com uma festa surpresa. Estava feliz. Muito feliz. Em breve iria de férias com Faby. Já faltava pouco. Nada a perturbaria. Quando saiu, ainda foi passear.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

XII - Naquele dia...


Faby deixou-se facilmente convencer pela amiga. Claro que iria com ela. Todavia não poderia ser nas datas que Emilie queria, por causa do seu trabalho. Só poderiam ir na segunda quinzena de Julho. Emilie ficou um pouco triste por não poder festejar  o seu aniversário na Itália.
-- Fazemos a festa cá com os nossos amigos. Depois vamos viajar e aproveitar ao máximo.
Emilie concordou porque não havia outra solução. Estava ansiosa que o tempo passasse. Gostava imenso de viajar e já tinha visitado vários países, quer a trabalho, quer de férias.
Um dia depois, soube pelo diretor geral da empresa que tinha sido ele a enviar-lhe a passagem como prémio de bom desempenho. Ela agradeceu e agora,sem saber bem porquê, começou a desconfiar dele.
Podia ter posto as rosas na sua bicicleta; podia ter acesso fácil no escritório à sua chave de casa; sabia o percurso que ela fazia quando caminhava ou corria e assim ter escrito a inicial do seu nome num cadeado. Além disso, tinham ficado muito próximos numa altura em que faziam viagem de negócios juntos. Depois tinham-se afastado.
Por agora, ia ficar atenta ao que o Jean fazia, isto é, como se comportava com ela. Era só estar atenta e juntar as peças do puzzle.

terça-feira, 8 de maio de 2012

XI - Naquele dia...


Os negócios iam bem na empresa. Aliás muito bem. Tinha cada vez mais parceiros de negócios e diferentes oportunidades com outros continentes desde que iniciara a parceria com o ex-marido. 
Emilie vivia cada vez mais num corrupio em reuniões e mais reuniões. Todos na empresa davam o seu melhor por estarem motivados.
Durante algum tempo, não houve mistérios e, por isso, Emilie esqueceu-se por completo desses episódios desagradáveis. Agora, vivia em paz e feliz. Mas, certo dia, encontrou na sua caixa do correio uma carta diferente. Quando a abriu, já em casa, viu que se tratava de uma passagem de avião em seu nome. Ficou estupefacta. Mais uma vez não havia remetente. Mais uma loucura...
E se aproveitasse? Não podia. Não podia ausentar-se de maneira nenhuma. Como assim, não podia? Claro que podia! Fosse lá quem fosse que a queria mandar para várias cidades de Itália, ela iria. Só não iria sozinha. Iria com Faby. Se ela não pudesse pagar a passagem, ela oferecê-la-ia à amiga. Quando iriam? Nada melhor do que por altura do seu aniversário. Que prenda fabulosa! Ela adorava viajar! Além disso, Veneza esperava-as. Dali a mais ou menos dois meses.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

X - Naquele dia...


Emilie nem queria acreditar no que via no seu escritório: o seu ex-marido, que depois do divórcio nunca mais ali tinha ido. Continuava atlético, elegante e muito bem vestido. Ainda assim, ele não a abalaria, nem entraria em discussões. Não havia filhos deste casamento. Emilie bem que o tentara convencê-lo do contrário, porém não conseguira.
-- Bom dia, Emilie. -- disse Eduardo.
-- O que fazes aqui? Não tens nada de vir aqui.
-- Não sejas assim. Se aqui vim era porque precisava de te falar com urgência.
-- Já falamos quando devíamos, Eduardo.
-- Trago-te uma proposta irrecusável.É uma proposta de negócios. A tua empresa vai faturar muito.
-- Imagino... -- respondeu Emilie com desdém.
-- Como és a diretora chefe tenho mesmo de falar contigo. Esqueçamos o rancor por uns instantes. Em nome deste negócio. Em nome da tua empresa onde gostas tanto de trabalhar.
Emilie calou-se por breves instantes. De seguida, pegou no telefone chamou a secretária, que vinha munida de um "lap-top".
Quando o ligou, surgiram no ecrã duas palavras garrafais: AMO-TE ÉMILIE. Perante a estupefação de Louise, Émilie pegou no "lap-top" e leu. E virou-se para Eduardo mostrando-lho:
-- Foi isto que vieste cá fazer? Para fazer troça de mim e dos sentimentos que senti por ti? És anedótico. 
Eduardo só conseguiu rir. Não ria de Emilie, mas do inusitado da situação.
-- Isso ri-te. Ri-te muito e engasga-te com o teu riso!
-- Émilie -- começou Eduardo -- não fui eu. Não fui. Acredita. Vim aqui a trabalho. Eu repito para ouvires bem: VIM A TRABALHO. A tua empresa é das melhores no âmbito da publicidade e a minha empresa precisa de uma equipa de design e marketing para fazermos o lançamento do novo automóvel Roland Garros, da Citroen. O nosso amor já morreu há muito. Deixa-te de egocentrismos.
-- Tens graça, olha que tens. Toma -- disse passando-lhe o "lap-top" -- apaga isso, por favor.
Eduardo apagou as duas palavras e o ecrã voltou ao normal.
A partir dali a reunião correu bem. Eduardo obteve o que queria. Émilie ganhou, sem esforço, um novo negócio. 
Chegou ao fim do dia cansada e feliz. Até se esqueceu dos momentos desagradáveis. Tinha-se exaltado com Eduardo, mas depois soubera recuar e aceitar que ele tinha razão.



quinta-feira, 3 de maio de 2012

ViNtE aNoS



Tinha uns olhos singulares: azuis mar céu sonho. Tinha uma boca com lábios finos: rosados e de sorriso fácil e carinhoso. Tinha umas mãos másculas: fortes como a terra, generosas e tantas vezes meigas. Tinha uma tez clara: ebúrnea e imaculada.
Emigrou. Lograda a primeira tentativa, tentou novamente vencer os Pirinéus e conseguiu. Iniciou nova vida fora da pátria. Antes da segunda tentativa casou. Aí nasceram os filhos: amava-os de paixão.
Gostava de jardins: gostava de flores: amava as rosas. Gostava de estar perto de amigos e familiares: nos piqueniques, nas festas de aniversário, nos jantares.
Em vinte anos nada foi esquecido. Nada. Dia dois de maio é o mês do meu pai. O dia em que a polícia descobriu o corpo amarrado numa raiz de árvore, dentro da água de um rio. Nunca mais fui/fomos os mesmos.

Je t' aime pápá. Toujours!