quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Bonne Année



quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

BOLO DO AMOR (adaptado)








Enquanto procurava receitas para o "réveillon", deparei-me com esta receita que Luís Miguel, de Lisboa, enviou para o "site" gastronomia.com.

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É a receita de um bolo que todos conhecem mais ou menos bem, com mais ou menos imaginação. Apeteceu-me partilhá-la convosco! Não levem a mal, pois brincar e dar umas boas gargalhadas faz muito bem. É apenas essa a minha intenção.




BOLO DO AMOR


1- Ingredientes


* 1 cama quente, perfumada e com pétalas de rosa espalhadas entre os lençóis

* 2 corpos lavados,pele suave e hidratada e perfumados

* 5000g de carícias

* 1 banana, não muito madura

* 2 tomates com pele

* 2 marmelos

* 1 forno devidamente lavado e aquecido

* 1000 000 000 de beijos


2- Confecção


Introduzir delicadamente e sem pressa os 2 corpos na cama, adicionando beijos e carícias por todo o corpo, conforme a sua preferência.

Enquanto faz as carícias, pode adicionar mel, champanhe, chocolate, ou o que a sua imaginação quiser.

Agitar com as mãos os marmelos até estes ficarem ligeiramente rijos mas de forma a não os machucar.

Meter a banana previamente aquecida com os dedos, no forno, à temperatura ambiente.


3- Recomendações

* Deixar os 2 tomates com pele no exterior

* Manobrar a banana em sentido vai-vem

* Fazê-la sair de tempos em tempos e voltar a metê-la controlando a cozedura e com a preocupação de não perder o sumo antes de tempo.

* Use sempre preservativo.


4- Tempo mínimo de cozedura

* 20 minutos


5- Atenção especial

* Não bata as claras em castelo


6- Recomendação especial

Não se importe de repetir frequentemente a receita a fim de saboreá-la, pois além de fazer muito à saúde e ao espírito, cada vez que se prova é mais gostoso.

BOM APETITE!!!



FELIZ ANO NOVO


terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Preferências

Como ando sem inspiração nos últimos tempos, ainda que sem razão ou explicação aparente, apeteceu-me revelar e partilhar algumas das minhas preferências, em campos muito diferentes. Estou numa fase em que não me apetece escrever sobre assuntos sérios! Estamos no fim de mais um ano, não é?

É um lugar comum gostar de Fernando Pessoa, falar de Fernando Pessoa. No meu caso não gosto deste autor para parecer erudita. Nada disso. Gosto dele de paixão. Anda sempre comigo em pensamento. Temos sentires que se assemelham e mais não digo... seria tirar todo o mistério a estas revelações.

Madonna: irreverência; sensualidade; rebeldia; modernidade; música; concertos; energia... uma força viva da natureza. Mulher polémica mas inteligente!


"The Holiday" é um dos filmes de que gosto. Fui vê-lo ao cinema no Centro Vasco da Gama e acabei por não o ver. Dormi o tempo todo... Mas assim que pude vi-o e tenho-o visto ene vezes. Faz sonhar. Passa-se na quadra natalíciae está impregnado de revelações.



Paris? SEMPRE! A qualquer hora, em qualquer estação do ano, só ou acompanhada. Nasci perto de Lyon, porém Paris é a capital do meu coração.




Adoro esta foto. Não gosto de tirar fotos, mas gosto particularmente desta. Quem é que não se apaixona por fotos de crianças?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Natal 2008

Foto N Augusto
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O Inverno parece finalmente visitar-nos. Não sei até que ponto o esperávamos, mas acho que até queríamos que chegasse! Na verdade, como o Natal se aproxima a passos largos, não seria o Natal de outros tempos se as temperaturas não descessem vertiginosamente e começasse a nevar nas terras mais altas.
O Natal do ano passado foi, realmente, muito frio! Geladíssimo! É sempre assim em Trás-os-Montes. Mas houve algo de diferente, pois a natureza manifesta-se sempre de diversas formas, quando menos esperamos. Na Terra Quente não há propriamente nevões nesta época do ano. Mas o frio, no exterior das casas bem quentinhas, entranha-se no corpo até quase chegar aos ossos.
Pior que a neve, são os dias consecutivos de gelo e de nevoeiro. Como o sol não rompe a densa nuvem húmida e cinzenta, o gelo acumula-se dia a dia. Os telhados, as hortas, as árvores ficam brancos brancos e até parecem cobertos de pendentes transparentes. As águas dos rios gelam. Para prevenir acidentes, abre-se a comporta do rio Tua e, uma vez sem água, mais parece um ringue de patinagem.
Esta foi a paisagem natalícia do ano passado. Fria, natural, linda, mágica...
É nestas alturas que gosto de ir até ao Norte. Aí o Natal é mais Natal... por todas as razões que possam imaginar.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Quero um Natal...


Foto de F Nando
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... quentinho,

.... doce,

... e muito, muito, muito simples,

... feliz. Muito feliz!


É na simplicidade que reside a beleza e o amor!



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E vocês?

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Magia da Lente

Gosto de determinadas máquinas. Não têm de ser o último grito em tecnologia, mas têm de ter um certo design. Não para me distinguir dos outros, mas porque gosto de tudo o que é esteticamente belo. Gosto de automóveis! Muito aliás! Todavia não será sobre isso que escreverei. Gosto de máquinas fotográficas!
Citroen Arrastadeira

O meu pai tinha uma que seria uma verdadeira relíquia, hoje em dia, mas que se perdeu ou alguém levou quando nos ausentámos de nossa casa e nos todos instalámos na grande Lisboa depois da sua morte.


Não tenho nenhuma máquina fotográfica xpto. Tenho uma, creio que do meu irmão, que costumávamos levar nas nossas viagens. Ora a usava ele, ora a usava eu. Ele tirava fotos a cores e, chegada a minha vez, depois de gasto os rolos, trocava o último por um a preto e branco. Por falar nisso, ainda tenho um na gaveta da minha secretária.

Sempre gostei de fotos a sépia ou preto e branco. Em criança e, ainda hoje, adoro folhear os álbuns de família. Como eram mágicos para mim. Transportavam-me a um outro tempo onde tudo me parecia fantástico. Os meus avós, a minha mãe e os meus tios solteiros, as festas na vila, os casamentos, os primeiros netos.

Da família paterna não havia tantos registos e se os havia, não tive acesso a eles. Pude ver apenas uns da tropa e outros nos seus primeiros anos do meu pai em França. Mas aí as fotos a cores chegaram depressa. Ainda assim, tenho uma a preto e branco tirada num fotógrafo (que por acaso até se encontra num post deste blogue).


Citroen Arrastadeira

Agora, com as novas tecnologias, converto as fotos que considero preferidas, e que me foram passadas para o computador, em fotos a preto e branco. São automóveis, paisagens, pessoas. E tudo me parece envolto numa aura de magia, num tempo bem distante e tranquilo. Num tempo sem tempo, infinito, cristalizado como uma verdadeira obra de arte imperecível e irrepetível… por mais que se tente!

Nota: Todas as fotos foram tiradas por F Nando e todas elas me transportam ou parecem transportar para um passado idílico ainda que citadino

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Noel... Noel...

Foto de F Nando
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Há imagens eternas que nos acompanham ao longo de todo o nosso percurso.

São, por vezes, imagens amarelecidas pelo tempo ou com os contornos pouco claros, como se o tempo no-las tivesse envolto numa neblina de anos.

Ainda assim, sempre que a mesma festividade se repete, ano após ano, recuperamo-la do baú das emoções e, na distância dos anos, tudo parece mais encantador e mágico. Não só porque foi diferente, mas também porque, no fundo, tudo muda.

Tenho o prazer de recuar mais uma vez à infância, em França, onde vivi cada Natal com o fascínio com que todas as crianças o vivem.

O meu pai costumava colocar o pinheiro com as bolas, as fitas brilhantes e as luzinhas intermitentes e coloridas no meu quarto. Sob a árvore, que gostava de adquirir, dispúnhamos as figuras do presépio, que a cada ano ia crescendo. Adquiríamos mais figuras para melhor o representarmos.

Colocávamos o pinheiro enfeitado perto de uma janela, bem juntinha à chaminé (havia uma em cada quarto), para que o Menino Jesus depusesse os presentes durante a noite. Eu bem que tentava não adormecer, mas era escusado. E na manhã do dia seguinte, lá estavam os presentes bem embrulhadinhos.

As iguarias que a minha mãe confeccionava para o Natal eram as mesmas que faziam o Natal português, acrescido com outras guloseimas francesas.

Já na altura, alguns dos meus coleguinhas de escola falavam do Pai Natal, das prendas caras, das lautas ceias. Para mim, nada disso tinha importância. O meu Natal era diferente do deles e se o passássemos na aldeia dos meus avós, em Portugal, mais diferente se tornava.

Do que eu gostava mesmo naquele país mais evoluído e com uma economia emergente, era os pinheiros de Natal (reais e em chocolate) iluminados perto das janelas dos habitantes, as decorações natalícias nas ruas, a neve e o frio, e o calor aconchegante uma vez em casa.

Gostava ainda de mirar as vitrines cheias de chocolates, bolos e outros doces, entrar numa dessas pastelarias ou "chocolateries", pela mão do meu pai, e levar imenso tempo a escolher o meu preferido e levar outros para casa. Apesar da espera, o meu pai nunca se zangou comigo.

A minha mãe era mais de ficar em casa, porventura por causa das tarefas domésticas! O meu pai, eu e depois o meu irmão saíamos para fazer compras ou assistir a um ou outro espectáculo de Natal.

Na minha família nunca deixou de se festejar o Natal. Uns foram mais mágicos do que outros.

Em 1992, ano em que faleceu o meu pai, não deixámos de o fazer, embora a sua ausência fosse muito sentida. Mas esta era também uma forma de o manter vivo e connosco, que sempre gostou do Natal.

Não sei se cheguei a ouvi-lo dizer que gostava do Natal, porém era graças a ele que tínhamos, todos os anos, o pinheiro enfeitado, perto da janela, para anunciar o nascimento do Menino Jesus.

  

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Blogue original ou provocador? O leitor que decida!!!

Gostam da ilustração? Pois a mim agrada-me. É o autor de um interessantíssimo blogue com um nome ainda mais inesperado. Este é o seu perfil! Generoso! Cuidou de todos os pormenores:identificação, postura, compostura, gravatinha.

Outra versão desse tão ilustre blogueiro! É um autêntico intelectual. Observem bem como está concentradinho na leitura. Que livro será? Pelo sorrisinho só pode ser um livro de humor. Será de quem? Teremos curiosidade em conhecer o escritor?
Tenho a certeza que sim!


O ilustre blogueiro não é, de facto, um canino... mas tem o seu quê de "pedegree". Eu que o diga que o conheci há pouco tempo, num jantar entre blogueiros. Além de ter um blogue e muitas outras ocupações, escreve.
Já encomendei o meu livro na semana passada na Bertrand. Hoje voltei lá, pois estou curiosíssima. Pudera! Sou uma devoradora de livros! Mas nada! O livro ainda não chegou!
Termino com uma citação de Charles Morgan: « A melhor homenagem que se pode fazer a um autor não é ficarmos presos à leitura do livro, mas parar a sua leitura, pousá-lo, meditar sobre o que nos diz e ver além do que nos transmite, ter um novo olhar e redescobri-lo.»
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PS1: Nome do autor: Rafeiro Perfumado. Inteligente e divertido, certo?
PS2: Peço desculpa ao ilustrador por ter usado as ilustrações no meu post sem o identificar. Prezo os direitos de autor. Fá-lo-ei assim que me disserem de quem se trata.

domingo, 29 de novembro de 2009

FELIZES DESCONHECEDORES

Foto de F Nando

Casa do Cavalo Marinho


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Sei de um reino onde crepitam nas chamas da lareira sentires únicos... É um reino maravilhoso! Nesse mundo da Fantasia, as árvores são centenárias, os lagos são límpidos, existem todas as espécies. Harmonia é a palavra de ordem!

Este é um reino real e honesto! É um daqueles reinos em que os habitantes, todos os habitantes (seres humanos, duendes, gnomos) conhecem a sua verdadeira essência. Serem unidos a partilhar o calor da amizade e do amor!

Existir pode ser a primeira instância dos seres,  todavia o mais importante é o SER. Porquanto SER é a individualidade e o sentir de cada um, único e irrepetível... e essa partilha sem pedir nada em troca.

Por mais questões que nos coloquemos, o mais honesto é sermos justos connosco e com os que cruzam o nosso caminho, fazermos parte do universo pessoal de cada um, sem constrangimento ou falsas aparências, criar laços e reconhecer no outro uma pequena centelha de nós mesmos.

O calor de uma fogueira pode aquecer o corpo, a casa, a noite. Não obstante não é tudo. O seu calor pode aproximar-nos, num ou noutro lugar, numa ou noutra época do ano. Mas nada se iguala ao calor humano. Ao que o outro é…

Porque somos agora - sobretudo agora , felizes desconhecedores do ainda por acontecer -  criação, sonho, realidade e emoção.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um doce chamado Sisse


Esta é a minha cadela: meiguinha, melosa, sempre a pedir festas ou uma gulodice. Já o meu irmão afirma que é dele. Adquiriu a mãe há largos anos,a Laika, e assim que a primeira e única ninhada nasceu ficou sempre na casa dele. Excepto no ano passado que mãe e filha viveram em minha casa por um período de nove meses.
Ainda assim sinto que a Sisse me pertence e ela também, pois sempre que a encontro ao fim-de-semana, late, corre, lambe-me as mãos, saltita e é uma alegria só. Além disso senta-se sempre onde eu estiver e está sempre por perto. Sabe quando estou triste ou quando estou feliz. É um doce!

Mentes inquietas


Mr Jones nega-se a aceitar os seus altos e baixos de humor, que variam entre a depressão e a mania (antes designados maníaco-depressivos pela medicina).
Nos momentos de depressão isola-se do mundo, chora, e acaba invariavelmente por ser internado num hospital psiquiátrico (uma experiência que em nada contribui para a sua felicidade ou a sua recuperação, pois vive dopado com os químicos que lhe ministram). Sempre que sai do hospital deixa de os tomar e Jones parece e é outra pessoa, outro homem.

Já nos momentos de mania a sua atitude é completamente outra. Levanta e gasta avultadas somas de dinheiro, presenteia belas mulheres, sobe ao cimo de um telhado como se pudesse voar, interrompe um concerto de música clássica por também ele adorar e tocar Beethoven na perfeição.
Até que um amor impossível o resgata. Jones apaixona-se pela psiquiatra que o trata e dele tem de se afastar por questões deontológicas. Mas ainda assim, desafiando a sociedade, é ela que o salva e lhe dá o apoio de que precisa.
O fim do filme pode ser lamechas, banal, previsível. Todavia gosto que esta mente inquieta, depressiva bipolar, encontre um rumo e um equilíbrio na sua vida pessoal.
A ficção pode ser a representação do real. Acreditem!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Mr Jones



Um dia falar-vos-ei deste filme. Se tiverem paciência para me ouvirem!

Experiência fotográfica


Autor: F Nando

Local: Feira Medieval em Sintra

Data: Agosto

Tons originais: Cor

Outros tons: Sépia

Eu, Nathalie, gosto invariavelmente de fazer experiências (com as cores, com as texturas, com os tamanhos). Para mim nunca nada está completamente acabado.
Se reescrevo um texto meu, nunca ficará igual ao original!

Acontece-vos o mesmo? Suspeito que sim!!!

Moulin Rouge

Montmartre: outrora e agora



As duas últimas vezes que estive em Montmartre senti que muita da atmosfera mágica se tinha perdido.
A famosa e mais procurada Praça de Tertre com as suas ruas estreitas, esplanadas, pintores e retratistas viam-se ocupadas harmoniosamente por todos. Mas que prazer perdermo-nos nas pequenas ruas estreitas e descobrir toda essa vida genuína e palpitante.
Hoje em dia, as ruas outrora espaços privilegiados e consagrados aos artistas, foram completamente ocupados pelas esplanadas de cafés e restaurantes. Todos eles passaram para as franjas exíguas dessas ruas de comes e bebes.
No entanto, não podemos nunca esquecer que Montmartre não é apenas uma das zonas de boémia de artistas, poetas e escritores.
Da Catedral de Montmartre o olhar estende-se pelos principais monumentos de Paris. É uma das mais belas vistas panorâmicas sobre a capital francesa seja dia ou noite.
Nunca me canso de observar a paisagem parisiense onde a vida, a arte, a beleza sempre se encontram.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Outro momento de saudade


Esta é a cidade onde sempre quero ir, independentemente das vezes que lá estive! É algo de umbilical que sei que me acompanhará sempre.


Tal como este e outros cadernos onde aprendi a escrever e que, dificilmente, se encontram em Portugal. Como a minha caligrafia era perfeita... até um dia que deixou de sê-lo.
Hoje deu-me para a nostalgia. Talvez tenha sido deste chuvoso dia de Outono ou do meu ser que é tantas e tantas vezes de um cizento policromo triste.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

L' art en noir et blanc



Photo de F Nando

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J' aime les photografies de F Nando. Il n' est pas un chasseur d' images, il est un photographe qui part tranquilement à la recherche de toute la beauté. En fait, il sait rendre aussi toute sa beauté à une situation du quotidien.

Ses photos sont souvent empreintes d' humour, de nostalgie, d' ironie et de tendresse. Il nous fait revisiter des endroit, rencontrer les artisans, les musiciens, les artistes, les paysages.

Ses photos illustrent à merveille la vie de Lisbonne et d' autres villes charmantes comme Sintra, Cascais, Sesimbra et beaucoup d' autres.

Ses milliers de portrait pourrais bien être exposé dans un musée ou galerie d' art moderne. Je suis sûre que le public aimerai connaître se photographe amateur

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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sentires a "Preto & Branco"

Foto de Fernando Cardoso
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Alma trágica essa que te acompanha
que persegue a luz clara e transparente

e só se encontra

com as trevas

num silêncio duro

omnipresente



A voz

que atira as palavras na página em branco

sabe-se emudecida

e reconhece as horas lisas

os momentos opacos

da dor lancinante aguda

e angustiantemente intolerável


domingo, 15 de novembro de 2009

Entre a pintura e a poesia

Pintor: J. Francisco
"Passe de Ballet ao Luar"
Acrílico sobre tela
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Há no imenso silêncio
do universo nocturno
uma luz carmim que não é mais do que o olhar
atento da lua
que envolve imperceptivelmente
um par de bailarinos

O par ondula num movimento
coreografado e quente
ao sabor da música
com que sonhadamente
foge
para o além-tela
sob a protecção
do olhar atento e sábio do pintor

Os sons da melodia
sul americana invadem o ateliê
onde se pressente
a expressão do belo
em tons quentes e sensuais
forjados no pensamento atento
do artista

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Saudade


Foto de Fernando Cardoso
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Tudo parece nebuloso na distância
dos muitos anos
que se insurge entre nós

Sabes? Sei que sabes, que a dor de não seres
continua sempre e inequivocamente
connosco
que sentimos e amamos contigo
e como tu

domingo, 8 de novembro de 2009

Viagem ao mundo dos brinquedos

Brinquedos da loja "A Vida Portuguesa"
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Lembro-me, como se fosse ontem, dos brinquedos que tive na minha idade de ouro. Tive várias bonecas, uma do meu tamanho, com lindas roupas e cabelos que eu penteava, tive um bébé chorão, outras bonecas com muitas roupas e sapatos tipo Barbie (não sei se não o seriam já), cordas para saltar à corda, um baloiço feito pelo meu pai nas traseiras da casa, uma bicicleta, que o meu irmão viria a usar anos mais tarde e partir.
Certa vez, recebi de uma prima uma máquina de costura linda, em latão, ida de Portugal, que acabou na calçada, por eu a ter atirado pela janela. Que mal agradecida, pensarão. Agia sem pensar. Tinha tanto com que me entreter! Além disso, era rebelde. Quantas vezes fugi de casa para ir ter com os vizinhos…
Desses brinquedos, poucos me acompanharam na viagem para Portugal. Apenas uma boneca da qual não me separava nunca. Com o passar do tempo, no mês de Agosto, os brinquedos reapareceram. O meu pai traziam-mos de França. Trens de cozinha, animais vários, uma mala com jogos diversos que jogávamos nas noites quentes de Verão com ele, o meu irmão e primos, que não tinham aqueles divertimentos.
Na aldeia descobri outras formas de brincar e de me divertir. Depois da escola, que acabava invariavelmente às quinze e trinta, jogava à macaca, ao prego, aos países, à cabra cega, ao elástico e corríamos pelos montes deitando-nos nas copas das giestas mais frondosas. Até esta altura fui uma maria-rapaz, pena que não tenha sobrado nada da rebeldia dela.
No Natal havia outros jogos e brinquedos tradicionais: jogávamos ao rapa (dentro de portas à noite), ao pião e à malha (fora de portas durante o dia). Eram dias mágicos. A minha avó, nascida em 1900, contava-nos que tinha tido bonecas de trapos e outros brinquedos em madeira e latão.
Há dias, no Chiado, entrei numa loja linda e surpreendente de seu nome “A Vida Portuguesa“. Aí recua-se no tempo! A um tempo mágico onde se encontra o que de mais português existe. Encontram-se brinquedos de latão e de plástico (carrinhos, autocarros, trens de cozinha) piões, cordas; os melhores sabonetes de produção nacional; o restaurador Olex; a pasta medicinal Couto; o mel e as compotas; os cestos de vime; os livros dos primeiros anos de escolaridade antes do 25 de Abril; os lápis Viarco, as lousas, e tantas outras formas de reviver o passado português.
Na minha humilde opinião, acho que os brinquedos de hoje ainda que mais sofisticados e muito variados não permitem à criança aprender a brincar, nem a partilhar brincadeiras. Os “game-boys”, as “PSPs”, os jogos de computador e de telemóvel são jogos maioritariamente jogados por um/dois jogadores.
Hoje, ganha-se em tecnologia, mas perde-se o contacto com os outros, tão importante para o crescimento saudável da criança.
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Fotografia da loja "Vida Portuguesa"

Rua Anchieta 11 - Chiado, Lisboa

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Nota: Este post integra-se no tema proposto pelo blogue Blogagens Colectivas subordinado ao tema "Brinquedos: dos mais antigos aos mais recentes"

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Estação clara

Foto de Fernando Cardoso
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Os enamorados
sabem a estação clara
no céu azul, no abraço do sol, na calmaria da chuva,
nas carícias do vento e no canto novo das aves

Sabem-na também nestas telas
de poesia
que sabem os seus nomes
que sabem
as mãos entrelaçadas uma na outra
numa descoberta tranquila
e universal
de dizer o Sentir uno
de mais uma Primavera

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Escrevinhando

Foto de Fernando Cardoso
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Os poetas sentem e sabem
que as paisagens-telas-poemas
que vão escrevinhando
exalam aromas de um agora
extraordinariamente
amanhã

Os poetas conhecem também
a paisagem-tela-humana
cada vez mais desigual
mas tão idêntica
no seu desassossego presente

Os poetas são eternos filósofos
na busca da insondável
vertigem do ser
onde divino e humano
se fundem
imperceptivelmente
numa irmandade honesta e atenta

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Orfeu e Eurídice

Foto de Fernando Cardoso

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Os belos e longos dedos de Orfeu
tiram notas da lira que pacificam os seres
e os elementos
*
Soltam-se sons de jasmim
na música mágica que sagra
de grandeza mítica
o Universo
*
Ondas de opala e orquídeas
crescem nessa crescente paz tranquila
*
Eurídice
emudecida e enamorada
está deitada a seus pés
cingida por um cendal de pérola
*
As notas da lira de Orfeu
siciam o seu amor e acariciam os decifráveis
contornos do ser amado
que lhe devolve
em sorrisos
a harmonia líquida das esferas

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Encontro

Foto de Fernando Cardoso
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Na manhã em que a claridade
voltou
a tela-anjo deixou-se
amar novamente
nos contornos de uma linguagem
nova e doce e deliciosa
revelando a polpa do Amor
e a essência dos Seres
que sem o saberem
ali se encontraram e se
entregaram
na embriaguês suave e lânguida
de serem
Um só

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Literatura é liberdade


Saramago. Novo livro. Controvérsia.
A literatura existe para nos deleitar e para nos fazer pensar, independentemente de temas e polémicas.
Esta última obra de Saramago, que saiu há pouco tempo do prelo, já deu direito a uma série de abordagens mais ou menos consensuais. Para muitos a Bíblia é um livro intocável e o que a propósito dela se escrever ou disser uma autêntica blasfémia. A Igreja e outras figuras públicas portuguesas pensam dessa forma. Se ainda houvesse o Santo Ofício, Saramago seria queimado na fogueira. Não duvido nada!
Ora, para quem escreve sobre um episódio da Bíblia é porque não só a conhece bem, como também a vê como fonte de inspiração. É porque também a considera um longo texto literário prenhe de alegorias que permitem outras leituras. Nesta obra temos a leitura de Saramago sobre os irmãos Caim e Abel. Ambos filhos de Adão e Eva. Ambos servidores de Deus... Não me vou adiantar mais sobre este episódio bíblico, nem sobre Caim de Saramago. Seria tirar-lhe todo o encanto e mistério.
Para finalizar direi apenas que literatura é liberdade e que o escritor, seja Saramago ou outro, são livres de escrever sobre o que lhe aprouver, independentemente de credos religiosos, sistemas políticos ou opiniões demagógicas.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Barcos rabelos


Vila Nova de Gaia num quentíssimo e belíssimo dia de Verão, há mais de um ano. Foi um passeio muito divertido, na companhia de amigos.
Tivemos direito a tudo: a boa comida e a boa bebida... Ao Vinho do Porto também. Hum... que delícia!
A repetir! Sempre.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Hábitos de leitura: quais são as suas manias na hora de ler?

Capa de um dos livros da minha biblioteca pessoal, que me foi oferecido por uma amiga inglesa, em 1996, quando ambas nos encontrávamos a leccionar num colégio em Auxerre.
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Não nascemos leitores mas tornamo-nos grandes leitores se o gosto pela leitura for incutido desde tenra idade. A leitura é como se fosse uma espécie de fome que nos leva a devorar todo o tipo de livros.
Acho que já fui, noutros tempos e noutros momentos da minha vida, uma grande, curiosa e ávida leitora. Agora, por circunstâncias várias, leio menos do que gostaria.
Em criança lia sobretudo contos de autores franceses e banda desenhada. Desse tempo ficou-me o gosto por todo um imaginário povoado por gnomos, duendes, princesas, fadas, bruxas e unicórnios.
Certo dia, vi-me em Portugal, longe dos meus pais e do meu irmão, e sem os meus livros. A minha biblioteca ficou lá atrás no tempo e no espaço, para sempre perdida. Na casa das tias e tios, por onde fui saltitando, ou não havia essas preciosidades ou não podia tocar-lhes.
Já em casa da minha avó materna, descobri outro tipo de livros de páginas amarelecidas, manchadas e gastas pelas mãos que tinham folheado aquelas páginas e pela inexorável passagem do tempo. As temáticas eram vávias, todavia predominava a religiosa.
Para além da Bíblia, dois livros chamaram também a minha atenção. Não me recordo dos títulos. Um era sobre a vida dos Santos, as suas vidas, os sacrifícios e martírios por que tiveram de passar, até se tornaram Santos. Outro era sobre a interpretação de sonhos. Qual o significado de determinadas paisagens, animais, e muito mais.
Aos treze anos, o meu pai ofereceu-me o primeiro romance, em dois volumes: A Morgadinha dos Canaviais, de Júlio Dinis. Recebi os dois volumes, que lhe tinham pertencido, e li-os num ápice. Reli-os várias vezes na minha adolescência. Foi a partir daí que descobri os clássicos.
Já no Secundário li outras obras e conheci outros autores nacionais e estrangeiros. Nas férias de Verão costumava reler os livros que tinha adquirido ao longo do ano lectivo e/ou que as minhas amigas me emprestavam. Gostava de os levar comigo para o campo, deitar-me nos tufos de erva e lê-los e relê-los até à exaustão. Depois dava comigo a olhar para o céu e as nuvens, a imaginar as personagens, os ambientes, o desenlace.
A Universidade abriu-me ainda mais os horizontes e o gosto pela leitura. Hoje, para além de ler em francês e português, leio também em inglês.
Confesso que amo ler nessas três línguas e, por vezes, quando estou sozinha, estirada no meu sofá, leio excertos em voz alta para ouvir a sua sonoridade e para saborear cada sílaba, palavra, frase, em busca do seu lado expressivo.
Há já alguns anos que tenho o vício de sublinhar passagens, expressões de que gosto. Se me identifico com o que leio, escrevo pequenos comentários na margem do texto ou no início ou fim dos capítulos.
Gosto de ler em quase toda a parte, excepto na praia. Por causa do vento, nos dias de ventania; por causa da areia, que teima em ficar dentro do livro; por causa do protector solar, que mancha as páginas.
Creio que não me vou alongar mais. Seria prolongar o sofrimento dos possíveis leitores deste texto. Confesso que antes de o redigir, desconhecia que era uma leitora com tantas manias na hora de ler!
Termino apresentando mais uma. Hilariante ainda por cima! Houve uma altura em que sublinhava alguns dos meus livros utilizando na mesma página vários lápis de cor. Para quê? Para dar cor ao livro e para... não me perder. E olhem que não me perdia. Inseguranças da Natália que a Nathalie nunca teve... nem nunca terá.
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Nota: Tema de Outubro proposto pelo blogue Vou de Colectivo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Encantamento



Foto: Fernando Cardoso


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sábado, 26 de setembro de 2009

Sei... Sabemos...

Centre Georges Pompidou - Paris
Exposição temporária

Sei agora
só agora
que o Amor
é uma delicada
mas também intensa essência
que invade o espaço carmim
aveludado

Sei agora
só agora que tem nome
de estação clara
e é ímpar
nos seus beijos ternos
e doces e repetidos
sem urgência ou com ela
sempre

Se assim não fosse
não seria Amor
meu Amor



terça-feira, 22 de setembro de 2009

Beleza efémera

Faltam-me as palavras. Todas as palavras. Talvez porque o belo seja difícil de dizer. Muito...
Com os passar dos dias, deste Outono de canícula, as palavras iluminadas hão-de regressar. Prosa? Poesia? Não sei. Hoje não quero saber! Hoje não sei!
São belas as rosas ainda que a sua beleza seja efémera! O poeta sabe-o... e di-lo tão bem.
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As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
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Ricardo Reis, in "Odes"

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Desejos de Consumo

Estou a responder a um desafio que me foi feito pela Teresa Ferreira, que tem um belíssimo, blogue "Os meus óculos do Mundo", que também respondeu a este desafio colocado por outra bloguista.
A minha missão é apresentar cinco desejos de consumo. Não vai ser difícil! Sou consumidora compulsiva, embora já tenha sido mais! Há muito que não compro nada.
Vamos às compras? Umas mais impossíveis que outras...
1-Um vestido preto Ungaro;
2-Botas e mala Channel;
3-Jóias da Cartier;
4- Maquilhagem Estée Lauder;
5- Cabelos Jacques Dessange.
Acho que assim poderia apresentar-me com glamour em qualquer "vernissage" e fazer com que não passasse despercebida (algo que nunca procuro, antes pelo contrário).
Hoje deixei-me levar por sonhos fúteis e extravagantes. Excepto num aspecto, esta produção seria em nome da arte, neste caso, da pintura.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Voz da dispersão

Foto de Fernando Cardoso
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No teu quarto
das abstracções sempre possíveis
voluntárias
ondulam por aí
poemas limpos ou rasurados
reescritos
na página anjo do teu ser

Nascem do teu pensar de génio
do teu sentir fragmentado
desassossegado
que imperiosamente
se diz em vozes distintas

As palavras dessa tua dispersão
materializam
todos os teus EUS
que são OUTROS contigo
que te acompanham
desde o dia em que nasceste
e ainda e sempre
aqui, hoje, agora que te foste

Tudo parece sonho na distância
dos séculos
mas a tua dor de seres
continua sempre e inequivocamente
connosco
com os que sentem como tu

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Hoje...

Hoje é dia da rosa... Aquela rosa carmim, com pétalas de veludo, que inunda de perfume doce e suave toda a casa. Está num solitário, ali, na sala, bem à vista de todos.
É linda esta rosa. Bela ainda que efémera... como tudo o que é belo.
Só que hoje é dia da rosa... daquela rosa em botão ainda a desbrochar...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Blogagens Colectivas: Adormecer aqui e amanhecer noutro lugar

Adormecer aqui... ao abandono... ao frio e ao calor... num banco de jardim... outras vezes num leito improvisado. Numa pouca de palha.
Sim, é possível. Já lhe aconteceu. Quando? Não se lembra. Não se quer lembrar. Essa memória foi apagada.

Foram outros tempos. Tempos onde a guerra existia e a juventude também! Depois... quis a sua estrela ou o destino, nem ele o sabia, que amanhecesse noutro lugar.
Agora acorda todos os dias na cama de uma casa senhorial, do séc. XVIII, que mandou recuperar há alguns anos.


Outros, de Norte a Sul do país, já aí pernoitaram e voltam. Sabe-lhes bem acordar ao som dos pássaros, tomar um bom pequeno-almoço transmontano, andar a cavalo pelos campos ou de moto-quatro...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Paleta de sonhos

Autor: Miguel Borges
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O Miguel observa a Natureza e prende-a nos seus quadros. E as paisagens que imagina ou reproduz traduzem a sua juventude e o sonho de, um dia quem sabe, vir a ser pintor.
Não aprendeu com ninguém. Foi um dom que nasceu com ele. Depois dos desenhos, aprendeu a misturar na sua paleta os tons que imaginava e outros que descobria.
A arte e a busca do belo e do sentir próprio fazem dele um jovem atento à poesia que o cerca! É no seu retiro solitário, no Norte, que cria um Mundo novo...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sensações

Foto de Fernando Cardoso
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Não cerres os olhos
à paisagem tranquila
que te anuncia
nas ondas do mar irrequieto azul
que a vida é um diamante em bruto

Não omitas o teu sentir
tudo ao limite
com a mesma intensidade de sensações
na tempestade e na bonança

Deixa que outros leiam
as tuas páginas
do teu ser
onde moram o sonho e a poesia

Último dia de férias


Ao longo de um mês de Agosto, ora muito quente, ora muito fresco, a Casa do Cavalo Marinho encheu-se de amigos. Sobretudo aos fins-de-semana.
Os relógios, aqueles objectos que regulam o tempo em horas, foram esquecidos. Não havia horas. Os dias eram regulados pelos banhos na piscina, pelas bebidas refrescantes e pela fome. As horas das refeições variavam de dia para dia e de acordo com os presentes.
Houve quem tivesse semanas de férias e quem tivesse o mês inteiro! Sortudos!? Talvez! Depende do ponto de vista. Neste caso, são os que não podem repartir as férias ao longo do ano... o que é uma pena!
Por vezes, é mesmo necessário parar, sair e respirar novos ares e contactar com outras culturas! Faz bem, enriquece-nos, sentimo-nos mais leves. Além de que retomar o trabalho se torna mais fácil!