Foto FNando
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Emilie passou a ir com frequência a casa da avó Laura e do Paulo. Essas visitas aconteciam sobretudo ao fim-de-semana. Emilie também os recebia no seu apartamento. Também saíam à noite. A avó Laura adorava teatro, ópera e bailado. Quando Emilie se ausentava a trabalho, a avó Laura sentia por demais a sua falta. Habituara-se a tê-la por perto. Era como uma neta.
Certo dia ao serão, a avó Laura, que bebia o seu chá e comia bolachinhas de manteiga, dirigiu-se ao neto:
-- Paulo, já pensaste em conhecer uma bela mulher e casar?
-- Porquê a pergunta agora?
-- Não sei. Acho que seria bom para ti. Sei que tens tido algumas relações umas duradouras, outras menos, mas não é bom estar só.
-- Mas quem disse que estou só, avozinha?
A avó pareceu surpreendida.
-- Sério!?
Paulo riu e respondeu:
-- Nada sério. Conheci-a há uns dias.
-- Numa festa ou dicoteca, aposto.
-- E qual é o mal? É aí que as pessoas se conhecem.
-- Mas depois a relação não dura.
-- E para quê avó? Para terminar em divórcio litigioso, cada um para seu lado?
-- Bem, nisso tens razão. Mas não se pode deixar de procurar o amor. Hás de encontrar a tua alma gémea.
-- Ou talvez não! - disse rindo-se.
-- Acho que estás a esconder alguma coisa...
-- Não, avó.
-- Onde vais logo com a Emilie?
-- Com a Emilie, avó?
-- Sim, Paulo.
-- Não temos nada combinado, que eu saiba.
-- Então, e o passeio de barco no Sena?
-- Ah isso! Ficou para sábado, pois durante a semana só sabe trabalhar!
-- Olha quem fala! Fazes o mesmo. Só estás comigo hoje porque te sentiste febril pela manhã.
Estes diálogos eram comuns entre avó e neto. Davam-se super bem. E continuaram em amena cavaqueira até que o telemóvel do Paulo tocou.