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É noite, mas está uma noite tão quieta, tão suave, tão bonita! Não queres ir passear? Leva-me a passear, papá. Vamos passear os nossos sonhos sob a lua grávida. Disseste-me que um dia destes ela seria mãe. Posso ficar com um bébé lua? Vou tratar bem dele. Respondeste que sim. Até lhe compramos juntos um bercinho, acrescentaste.
Nessa noite passeamos tantos sonhos. Atravessamos a aldeia de mãos dadas e fomos falando alto sob a luz do luar, pois não havia outra luz por ali. E estávamos em pleno século XX. Era tão bom ter-te ali, pena o mês de Agosto passar tão depressa. A mãe não sabia ou não queria sonhar. Só tu.
Imaginávamos histórias. Como esta da lua. Sempre que era lua cheia dava os seus filhotes aos meninos mais bem comportados da terra para cuidarem deles, até ao momento em que esses meninos fossem estudar para longe.
Mesmo sem telescópio, víamos as crateras da lua. Outras vezes, ela aproximava-se um pouco mais de nós e contava-nos anedotas.
Quando o calor exigia, tomávamos banho nas águas claras e tépidas do rio. Era tudo tão, mas tão simples...
Tão feliz.