Faltam-me as palavras. Todas as palavras. Talvez porque o belo seja difícil de dizer. Muito...
Com os passar dos dias, deste Outono de canícula, as palavras iluminadas hão-de regressar. Prosa? Poesia? Não sei. Hoje não quero saber! Hoje não sei!
São belas as rosas ainda que a sua beleza seja efémera! O poeta sabe-o... e di-lo tão bem.
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As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
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Ricardo Reis, in "Odes"