As palavras dizem que o belo existe aqui, agora, além, além de nós que a nossa existência é breve e termina inexoravelmente na morte. Depois da morte fica-nos a expressão do belo das mais variadas formas.
As palavras dizem o amor como os amantes dizem que se amam de alma e coração. As palavras contam os momentos de felicidade e de tristeza nas telas que o pintor quis pintar. As palavras narram belas histórias de outrora que fazem parte da tradição oral de um povo e de todos os povos. As palavras aparecem sempre que a voz do poeta se ergue para cantar o seu fado ou o fado de outros.
Gosto das palavras porque elas dão forma ao belo em poemas, narrativas, ensaios, peças de teatro, guiões, e ficam para sempre no andar lento dos séculos. O belo existe nos escritos assim como existe na policromia dos quadros, na polifonia das composições musicais, na grandeza das esculturas, na grandiosidade dos monumentos, na inexplicável e sempre harmoniosa Mãe Natureza.
O que é o belo senão o que existe à nossa volta seja obra do Homem ou do Universo? O belo é intemporal e também sempre novo porque tudo existiu, existe e existirá. Nós não, como disse.
O meu olhar apreende o belo que me cativa sem razão, nem explicação. Pode ser um momento breve, leve, passageiro mas fui eu que o senti meu por instantes. Pode ser um tempo longo, artístico, pleno de significado para mim. Pode ser um dos meus livros, sim. Também pode ser um dos quadros que pintei há anos, pode. O belo sente-se. O belo é enamoramento por tudo o que fazemos e somos. O belo ama-se acima de ódios e querelas. O belo sabe bem o momento de se manter sempre entre nós. O belo diz e diz-nos. O belo é maior que tudo na vida e na morte. O belo fica. Sempre. Sempre. Sempre.