quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Rio Tejo


As águas do rio Tejo estão intranquilas porque a maré está a subir. Os barcos ondulam abruptamente para baixo e para cima parecendo cascos frágeis. Não há ninguém a navegar. Não é a hora. Logo pela madrugada ou ao fim do dia são os momentos mais propícios para a faina da pesca e para ir apanhar o marisco.
Homens, mulheres, crianças e jovens chafurdam na lama para o marisco vir à tona para ser apanhado. Vão de barco até meio do rio e onde não há água, bem longe da berma protegida, largam o barco para iniciar a apanha do marisco. São horas de costas curvadas a remexer no lodo durante a maré baixa. É assim que obtêm o seu sustento todos os dias do ano e de acordo com a época do peixe e do marisco.
O Tejo sobe e desce indiferente à luta deste povo ribeirinho que sabe bem até onde ir. Como já alguns morreram afogados, todo o cuidado é pouco. É preciso estar atento à corrente, aos baixios, às marés, para não ser apanhado desprevenido.
A vida de pescador e mariscador é uma vida dura e nem todos querem deixar a sua vida nas águas turvas do Tejo. Os que têm este modo de vida são constantemente postos à prova pela natureza, mas todos são corajosos e cuidadosos. Prezam a vida mais que tudo. Só um descuido os apanhará desprevenidos.
O Tejo é sustento, vida e morte. De tão largo e fundo tudo pode acontecer num ápice, por muito cuidado que se tenha. Viver do Tejo é arriscar a vida todos os dias.

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