segunda-feira, 16 de abril de 2012

III - Naquele dia...


Às cinco horas da tarde, ainda havia sol, Emilie e alguns colegas juntaram-se para beber um copo no restaurante bar que havia em frente ao edifício onde trabalhavam. Todos fizeram os seus pedidos e, naquele dia, apeteceu-lhe beber vinho rosé. Emilie nunca fora grande apreciadora de vinho, mas naquela tarde tão linda, deixou-se levar pela tentação. Conversaram animadamente sobre saídas à noite, cinema, teatro, música. Os sorrisos expandiam-se como ondas. 
Às vinte, Emilie despediu-se do grupo, que parecia estar ali para ficar. Agora tinha pressa de chegar a casa e de ir ao ginásio. As aulas de yoga faziam-na sentir outra. Parecia que o seu corpo adquiria uma elasticidade e leveza que lhe eram desconhecidas. Mas o que a fazia ir para uma outra dimensão era o final da aula: o momento de relaxamento. Conseguia relaxar e visualizar tudo o que o mestre dizia. Vezes havia que parecia flutuar numa imensa bolha branca, azul, laranja. O espreguiçar final era divino. Era ali que se recompunha do stress do dia a dia. Foi a casa num ápice e trocou de roupa.
À saída do ginásio, depois de se ter despedido de todos, pois ali eram uma espécie de família, esbarraram contra ela no passeio. Quase que a iam atirando ao chão. Vociferou uns palavrões feios, arrependendo-se logo depois. Emilie, não percas a compostura; disse-se interiormente. Dirigiu-se à bicicleta e, quando se  preparava para começar a pedalar, reparou que duas rosas tinham sido gentilmente amarradas com um fio no volante. Mais um mistério, pensou. Logo depois meteu a mão no bolso e tirou o envelope que havia encontrado de manhã e do qual se esquecera completamente. Tirou um bilhete e leu as poucas palavras que nele se encontravam escritas. «Enchanté d' avoir fait votre conaissance». E só. Nada de assinatura. 
Olhou à sua volta para se certificar  de que não havia ninguém a segui-la. Não. A rua estava calma. Subiu  para a bicicleta e pedalou velozmente até casa.


4 comentários:

mfc disse...

O mistério adensa-se...

Natália Augusto disse...

Mas não vai ser para sempre.

:)

Teresa Diniz disse...

Um admirador desconhecido?

Natália Augusto disse...

Quem sabe, Teresa?