Foto de N Augusto
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Casa do Cavalo Marinho, 2 de Maio de 2010
Querida Mãe,
Como está? Como tem passado estes primeiros dias de Primavera que têm sido tão quentes? Sei que aí deve estar mais calor, pois o nordeste transmontano é muito mais quente do que aqui. Parece que as fragas concentram o calor, não é? E o seu jardim? Sim, Mãe, sei que não pode viver sem as suas flores e plantas, nem sem a sua renda, mas não se esforce de mais.
Penso tanto em si quando vai faz os tratamentos de diálise. Três horas e meia todas a segundas, quartas e sextas-feiras. Tenho sempre receio que aquele acidente se repita. Que ninguém se aperceba que a agulha saiu do seu braço e que o seu sangue faça uma poça no chão. Ou que a magoem quando a piquem e fique com hematomas ou a mão do braço esquerdo inche de tal forma que a dor seja insuportável. Mas não falemos de coisas tristes. Hoje é um dia tão especial e bonito. É o Dia da Mãe.
Não estou fisicamente com a Mãe para a abraçar e beijar, para falarmos de tudo, para partilharmos alegrias e para nos darmos força uma à outra. Para ser sincera, a Mãe é mais forte do que eu e sou eu que acabo por ser encorajada por si em todos os momentos da minha vida. Obrigada, Mãe.
Queria poder oferecer-lhe um estar diferente, diminuir os quilómetros que nos separam (quase quinhentos) para a visitar com mais frequência, porém a vida é mesmo assim. Sei que lhe dói que eu e o mano não a visitemos com mais frequência. Recordo com ternura o brilho doce do seu olhar quando na Páscoa lhe disse que ficaria oito dias. Foram dias agradáveis! Muito.
Passeámos pela cidade, nos dias em que não fez tratamento; tratei de alguns assuntos burocráticos seus; fizemos compras e passeámos também na aldeia que a viu nascer e onde tem a sua e nossa (como a Mãe faz questão de sublinhar) casa. Hoje já gosto novamente da sua aldeia. O tempo cura todas as dores, faz-nos aceitar a perda. Hoje sei que o pai tinha de partir, embora não daquela maneira. Sabe Mãe, perdoei a quem no-lo tirou de forma tão cruel. Nós estamos bem. Sobrevivemos.
Amo-a Mãe. Muito. O mano também. Embora vivamos os três em lugares diferentes, o nosso amor é o amor de uma família unida mesmo na distância. Hoje estou em casa do mano.
Beijos dos seus filhos que a amam,
Nathalie e Carlos
14 comentários:
Natália,
Como eu gostava de receber uma carta assim...Nem que fosse daqui a 30 anos, nem que fosse a 500 Km de distância.
Bj
Que bonita homenagem; uma Mãe merece tudo.
Que declaração mais doce e sentida. Pura sensibilidade.
Tão linda esta carta, Nathalie!
Até chorei, porque ao lê-la vi-te nas palavras. És mesmo assim doce, meiga, sensível...
Abençoados pais que te fizeram assim...
Abraço-te com muito carinho*
Até amanhã :-)
Olá Ana,
também és uma mãe especial e querida e hoje e sempre os teus filhos hão-desempre saber e sentir isso.
Bom Dia da Mãe.
Beijinhos grandes
OLá Pinguim,
Concordo plenamente. Uma mãe merece tudo. Se pudesse daria muito mais à minha que é uma querida. Só que é ela que continua a dar-nos e a preocupar-se comigo e com o meu irmão.
Bom resto de Domingo
Olá Ana Paula,
Hoje falei com a minha Mãe ao telefone, mas senti que tinha de homenageá-la de outra forma. Ela é uma doçura.
Beijinhos
Olá Fanny
Escrevi este post depois de ter falado com a minha Mãe ao telefone. Não podia deixar de o fazer. Não há nada como o amor de mãe. Todas as mães são especiais.
Obrigada pelas tuas palavras.
Beijinhos e até amanhã.
:)
Uma homenagem linda a uma mãe... Acho que deves de lhe ler este post
Bjs
Olá nando,
Obrigada pela sugestão. Se ler esta carta à minha mãe vamos acabar a chorar.
Não sei se vou ser capaz. Mas posso escrevê-la e enviá-la pelo correio, embora seja mais impessoal, bem sei.
Beijos
Que carta mais maravilhosa essa e emocionante! Ela deve ter chorado muito de alegria e emoção!beijos,tudo de bom,chica
Ó Chica, acho que qualquer mãe gosta dos mimos dos filhos, independentemente da idade. Como estou longe dela e não podia oferecer-lhe um ramo de flores, decidi escrever esta carta (numa époco em que já não se escrevem cartas).
Beijos
Sabes, no dia da Mãe postei uma frase, por uns segundos, no meu blogue. Achei que era forte demais para ser publicada e, como não me queria expôr demasiado, apaguei-o.
Enfim, nada demais por um lado, mas fez-me pensar, por outro!
:)
Compreendo-te Eli. Há momentos em que o que o que escrevemos é tão intenso que o melhor é guardá-lo apenas para nós.
Bjs
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