quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Maísa

Foto de F Nando
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Uma dor funda, aguda, inquietante apoderou-se de Maísa logo pela manhã dilacerando-a. O dia primaveril estava cheio de promessas. A natureza renovava-se e até o mar estava mais tranquilo. Respirava a harmonia em seu redor, porém não a sentia no seu interior. Estava dopada pela medicação. Os pensamentos não eram nítidos.
Lembrava-se que na noite anterior, depois de muito chorar por não achar um rumo para a sua vida, se encharcara de álcool e muitos medicamentos. Ainda estava de ressaca! Não sabia como chegara ali, só e conduzindo. Lembrava-se, no entanto de ter dado meia volta, quando chegara ao local de trabalho e não conseguira sair do automóvel por causa das lágrimas. Fizera exercícios de respiração, mas de nada adiantara. Pensamentos atrozes e maquiavélicos cruzavam a sua mente.
Era melhor para todos que ela não fosse mais. Para ela também. Descansaria, por fim. Acabaria a agonia, a angústia, o desespero, as lágrimas. Tudo terminaria. Tudo. Tudo.
Maísa só podia refugiar-se num local. E era aí que pensava acabar coma a vida. Levou os mais variados químicos prescritos pela médica assistente e whisky suficiente. Nem deu conta quando a maré encheu e a arrastou para alto mar. Aquele tinha sido o fim desejado: não iam as cinzas; ia o corpo... para se fundir nas águas do mar!

3 comentários:

Poetic Girl disse...

Ás vezes a vida da gente pode ser despesperante ao ponto de querermos pôr fim a ela... bjs

Natália Augusto disse...

É tão verdade!


Beijos

Olga Mendes disse...

Ácho que a todos nós, até aos mais optimistas já lhe passou pela cabeça que se não tivessem cá seria melhor para todos, até para eles próprios. Ainda não percebi se o suícidio é um acto de cobardia ou coragem, de qualquer forma viver é sempre um acto corajoso e existe sempre alguém que precisa de nós. A natureza poupou a nossa protagonista daí que lhe esteja destinado algo de grande. Beijinhos.