quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Perfume da Chuva



Tema de Outubro da Fábrica de Letras: «O cheiro da Chuva". Esta é a minha participação ainda que com algumas alterações.






Foto de F Nando


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As personagens desta história nada têm de comum e apesar de viverem na mesma casa nem sempre se encontram. Na verdade, só quando a porta mágica se abre, na noite de estrelas cadentes, é que se cruzam por breves instantes. Mas nada dizem umas às outras. O silêncio é a senha para que tudo aconteça.

Naquela noite de anil, num tempo sem relógios, portanto num tempo sem tempo, a Menina do Vento e do Céu aproximou-se da porta. Bem perto, o seu cãozinho observava solenemente a sua dona. Sabia que ia partir , porém não podia ir com ela. Ela prometia voltar e como voltava sempre não havia o que temer.

A Menina Primavera também a mirava atentamente, na expectativa de que algo acontecesse. Havia muito tempo que não se viam estrelas cadentes... Assim que a Bela Noite chegou, a Menina do Vento e do Céu saiu para a rua com o seu manto azul cravejado de brilhantes.

Para onde ia? Elevou-se tanto, tão devagarinho, que se confundiu com o céu plúmbeo. Fez uma ligeira brisa na terra e começou a chover. Era uma chuva finhinha e ligeiramente rosada com sabor a mar e terra molhada.

Uma menina que se encontrava por ali a desfrutar os primeiros dias da Primavera, chorou de emoção e deixou que a chuva a molhasse por completo. Nunca antes a chuva fora uma harmoniosa combinação de aromas e cores... Que essências tão exuberantes... Nem os seus banhos eram tão perfumados!

3 comentários:

Poetic Girl disse...

Tinha saudades dos teus contos! beijocas

Louise disse...

Nathalie... simplesmente delicioso :D

João Roque disse...

Muito bom texto para um tema difícil.