Em 2005 comemorámos o Bicentenário do Nascimento de Andersen, um dinamarquês que ficou, para sempre, ligado aos seus escritos, sobretudo a arte de narrar contos. Muitos ouviram ler e/ou leram na infância as suas narrativas.
É que não podemos esquecer que há autores que se tornam universais, clássicos, imortais. Deixam de estar fisicamente no mundo e, todavia, continuam connosco, nas suas palavras.
Estamos em 2008 e, mais uma vez, este nosso encontro acontece por Andersen ter sido um menino, um rapaz, um homem que, como nos disse Niels Fischer, «queria ser actor, cantor, bailarino». No entanto, não conseguiu realizar todos esses sonhos. Contudo, ainda assim, podemos dizer, pelo que puderam ver na exposição e nesta gala, que Andersen foi um artista multifacetado.
Andersen, como todo o artista, mostrou-nos o belo e o macabro, que aparecem, outrora como agora, em recortes e escritos. Podemos dizer que nessas suas manifestações artísticas persiste a compreensão do mundo, inequivocamente e sempre igual, ao longo dos tempos. As dicotomias bem e mal, justiça e injustiça, realidade e sonho permanecem.
Hoje, nesta noite, celebramos, sobretudo, o belo, o sonho, a alegria, de diferentes formas. São manifestações artísticas variadas; umas singulares, outras colectivas. Poderão encontrar na Exposição Hans Christian Andersen, na peça «As Flores da Idinha» e nas danças, que se lhe seguiram, a nossa forma de compreender e sentir Andersen.
Os que aqui estiveram aqui, neste palco, são ainda pequenos e jovens "aprendizes do fingir". Temos a certeza que quer os mais pequeninos, quer os mais crescidos, apesar da responsabilidade, se sentiram felizes de estar aqui. Não os assustou trabalhar os sentimentos e os possíveis eus que habitam cada um de nós.
Hoje fomos nervos, insegurança, receio para mostrar que somos, ainda, inocência, beleza, fantasia, poesia e liberdade.
Se Andersen nos pudesse ver! Se Andersen soubesse o que consegue decorridos dois séculos da sua existência! Se Andersen nos conhecesse e conhecesse um dos seus conterrâneos mais generoso e querido!
Pois é! Andersen não teve esse privilégio. Nós, sim. Por causa do projecto TUDO DANÇA, conhecemos um homem de uma grandeza fora do comum e de uma bondade inigualável, que, não sendo português, se apaixonou em Portugal e se apaixonou por Portugal.
Esse homem inigualável é Niels Fischer, que tem divulgado Andersen de norte a sul de Portugal e também nas ilhas.
O seu encanto natural, a sua coragem e vitalidade; o seu amor a Andersen, em particular, à arte, em geral, e ao ensino humanista; o seu propósito de estar connosco e com outros meninos e meninas, jovens, pais, educadores, professores, tornam-no, a nossos olhos, muito especial.
Rudolf Steiner, um pedagogo austríaco, afirmou que «A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar um propósito e uma direcção para as suas vidas.» Também Niels Fischer nos faz sentir que é assim!
Muito obrigada!
(Fórum Cultural de Alcochete - 19 de JAneiro de 2008)